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Após a morte de miliciano, mais de 30 ônibus são incendiados no Rio

‘Faustão’ morreu durante operação policial que envolvia a Coordenadoria de Recursos Especiais e o Departamento Geral de Polícia Especializada

Foto: Reprodução
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Ao menos 35 ônibus e um trem foram incendiados na Zona Oeste do Rio de Janeiro nesta segunda-feira 23, após a morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, sobrinho do miliciano Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho. 

Entre os ônibus queimados, 20 são da operação municipal, cinco do BRT e outros de turismo ou fretamento. Outros veículos e pneus também foram queimados, o que levou ao fechamento de vias. Este é o dia com mais ônibus incendiados de forma criminosa na história, de acordo com o Rio Ônibus.

Com esse caos, ao menos 45 escolas municipais foram afetadas, prejudicando 17.251 alunos. Pelo menos 12 suspeitos de ataques a ônibus foram levados para a 35ª DP (Campo Grande).

De acordo com a Polícia Civil, a troca de tiros que matou Faustão ocorreu durante uma operação da Coordenadoria de Recursos Especiais e do Departamento Geral de Polícia Especializada, nesta segunda.

Matheus teria sido socorrido e levado ao Hospital Municipal Pedro II, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Em publicação oficial, a Mobi-Rio afirmou que “por questão de segurança”, as linhas de BRT do corredor Transoeste foram temporariamente suspensas na tarde desta segunda-feira. 

Reação

O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que os incêndios provocados no transporte público foram “ataques terroristas”.

Em coletiva de imprensa, Castro mencionou, além de Zinho, os criminosos Tandera – chefe de outra milícia – e Abelha – do Comando Vermelho.

“Esses três criminosos, Zinho, Tandera e Abelha… Não descansaremos enquanto não prendermos eles”, disse o governador. “No meio da operação, houve uma resistência e depois veio a óbito o Matheus Rezende, conhecido como Faustão ou Teteu. Ele era responsável pela guerra e também pela união com o tráfico, com as narcomilícias. Alguns dizem que ele era preparado para ser o sucessor do miliciano Zinho.”

Castro disse esperar pela prisão de Zinho “nas próximas horas”.

Ele também afirmou que os detidos por envolvimento nos ataques ao transporte público “estão presos por ações terroristas e por isso serão enviados para presídios federais”.

Já o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), chamou de “burros”  os participantes dos incêndios.

“Milicianos na Zona Oeste queimam ônibus públicos pagos com dinheiro do povo para protestar contra operação policial. Quem paga é o povo trabalhador”, escreveu Paes no X. “E para piorar, tivemos que interromper serviços de transporte na Zona Oeste para que não queimem mais ônibus. Ou seja, únicos prejudicados: moradores das áreas que eles dizem proteger! Essa gente precisa de uma resposta muito firme das forças policiais! Como prefeito, apelo ao governo do estado e ao Ministério da Justiça para que atuem para impedir que fatos assim se repitam.”

Quem era o miliciano

Conhecido como Faustão e Teteu, Matheus Rezende era considerado o número 2 da maior milícia do Rio – chefiada por Zinho – e investigado por pelo menos 20 mortes. A operação que levou à morte do miliciano foi comandada pela Coordenadoria de Recursos Especiais e pelo Departamento Geral de Polícia Especializada.

Em setembro, Zinho, Matheus e mais quatro pessoas foram denunciados pelo Ministério Público do Rio pelo homicídio de Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e seu amigo Maurício Raul Atallah, em agosto de 2022.

Jerominho foi vereador entre 2000 e 2008 e fundador da milícia privada conhecida como Liga da Justiça.

Além de Zinho e Matheus, foram denunciados Rodrigo dos Santos, vulgo Latrell ou Eclesiastes 3; Alan Ribeiro Soares, conhecido como Nanã ou Malvadão; Paulo David Guimarães Ferraz Silva, o Costelinha; e Yuren Cleiton Felix da Silva, o Naval.

Segundo a denúncia, Alan, Paulo David, Yuren e uma pessoa não identificada, seguindo as ordens de Zinho, Rodrigo e Matheus, dispararam várias vezes contra as vítimas, que haviam acabado de estacionar o carro em frente a um supermercado.

De acordo com o MP, as investigações apontaram que Maurício Raul Atallah foi morto porque estava ao lado de Jerominho, o alvo do ataque.

Matheus é o terceiro membro da família a morrer em confrontos com a polícia do Rio.

Em 2017, um tio dele, conhecido como Carlinhos Três Pontes, morreu em uma operação da Delegacia de Homicídios da Capital. Em 2021, outro tio, Ecko, morreu em Paciência, na Zona Oeste do Rio. Depois disso, Zinho assumiu o comando da milícia.

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