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Trabalho escravo/ Bebida amarga

As vinícolas flagradas culpam os programas sociais por falta de mão de obra

Os trabalhadores sofriam castigos com choques elétricos e spray de pimenta - Imagem: Fernando Vivas/GOVBA
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O deplorável episódio é representativo de como funcionam as relações trabalhistas no último ­país das Américas a abolir formalmente a escravidão. Na quarta-feira 22, uma operação resgatou 207 trabalhadores em condições análogas à escravidão que atuavam na colheita e no carregamento de uvas na cidade gaúcha de Bento Gonçalves. Contratados por uma prestadora de serviços das vinícolas Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi, as vítimas eram submetidas a jornadas exaustivas, dormiam em alojamentos precários e ainda sofriam ameaças e castigos físicos de capangas armados, inclusive com choques elétricos e spray de pimenta.

A operação foi deflagrada após um grupo de trabalhadores conseguir escapar da vigilância e denunciar as práticas da Fênix Serviços de Apoio Administrativo. A empresa teria aliciado agricultores no interior da Bahia com a promessa de salários de até 4 mil reais, mas eles já chegavam ao Sul endividados com despesas de alimentação e transporte. Em situação de servidão por dívidas, eles eram acordados para trabalhar às 4 da manhã e só retornavam ao alojamento às 9 da noite. Sem poder sair, precisavam comprar produtos dos empregadores por preços superiores aos do mercado. Quem não tinha dinheiro na mão recorria a empréstimos com juros extorsivos, que chegavam a 50% ao término da safra.

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