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“Quero ressignificar o conteúdo do que é ser uma primeira dama”, diz Janja em entrevista

A socióloga contou ainda que tem Eva Perón, da Argentina, e Michelle Obama, dos Estados Unidos, como inspirações para ocupar o posto a partir de 1º de janeiro

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A futura primeira-dama do Brasil Rosângela da Silva, a Janja, revelou que quer ressignificar o que chamou de “conteúdo” do que é ser primeira-dama. E entrevista ao ‘Fantástico’, a socióloga, que ocupará o posto quando Lula tomar posse como presidente, disse ainda que se inspira em Eva Perón e Michelle Obama e contou que partiu dela ligação de Lula a Simone Tebet.

A afirmação de que pretende dar novos ares ao posto de primeira-dama não é nova, em setembro, Janja, que ficou conhecida por ser uma voz atuante na campanha de Lula, postou no Instagram que pretendia “ressignificar” o posto, em caso de vitória de Lula. Ontem, ela destacou que a ideia é ocupar um papel mais ativo ao lado do presidente.

“Talvez eu queira ressignificar o conteúdo de o que é ser uma primeira-dama, trazendo pautas para as mulheres, e as famílias. Talvez seja um papel mais de articulação com a sociedade civil”, disse.

Leia alguns trechos da entrevista concedida às jornalistas Poliana Abritta e Maju Coutinho:

Evita e Michelle

Nesse contexto de maior participação, duas primeiras-damas que lhe servem de inspiração: Eva Perón, da Argentina, e Michelle Obama, dos Estados Unidos.

“Quando eu fui para Argentina, eu visitei a Casa de Evita, museu de Evita Perón, e me revelaram algumas coisas sobre a história dela que eu acho que nem todo mundo na sociedade brasileira conhece”.

Apuração tensa

A apuração no segundo turno, no dia 30, que terminou com vitória apertada de Lula sobre Jair Bolsonaro (PL), rendeu momentos de tensão para a futura primeira- dama, que acompanhou a contagem dos votos em sua casa com Lula.

“No momento do resultado, a gente estava no escritório. Foi um momento muito… tipo, “respiramos”. Respiramos porque foi uma apuração difícil. Ganhamos, e a primeira coisa que ele queria fazer era sair e abraçar o pessoal que ficou a tarde inteira ali no portão”.

Contato com Tebet

Após o primeiro turno, Janja conta que telefonou pessoalmente para Simone Tebet, candidata que era cortejada após terminar a disputa em terceiro lugar.

“Eu falei com a senadora, e os dois (Lula e Tebet) conversaram. Não foi nada de “você vai ligar” ou isso. Eu não tenho nenhum papel de articulação política. (…) Era importante conversar com ela e, primeiro, dizer que foi uma campanha bonita que ela fez”.

Críticas internas

Durante a eleição, surgiram críticas de filiados do PT de que Janja estaria se envolvendo demais na campanha. Ela diz que não se abalou.

“A opinião que importava era do meu marido, se era importante para ele eu estar fazendo algumas coisas e estar do lado dele. E eu trouxe para mim esse papel de cuidar mesmo dele, de preservá-lo. Até de segurança. (…) A gente sabe das ameaças que ele sofre”.

Machismo
Em um momento da campanha, Lula foi acusado de machismo quando declarou: “Quer bater em mulher? Vá bater noutro lugar”. A frase foi muito criticada. Questionada sobre se Lula é um “machista em desconstrução”, Janja confidenciou que já o repreendeu algumas vezes.

“Quando, como a maioria dos homens, ele diz “Amor, me traz isso?”, digo “Filho, vamos lá, né? Tô aqui fazendo outra coisa.” (…) Mas ele é muito tranquilo, assim. No domingo em que a gente fica mais sozinho, ele lava louça do café”.

Orixás

Uma foto de Janja ao lado de imagens de orixás foi usada durante a eleição para tentar atacá-la perante o eleitorado cristão. Lula chegou a ser associado ao demônio em postagens de fake news.

“Ser ligada a uma religião de matriz africana só me dá orgulho. Talvez isso represente um pouco do que são os brasileiros e as brasileiras. Sou aquela pessoa que se emociono na missa, com a fala do padre, e também com o tambor. Também me emociono com um hino de louvor a Deus”.

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