O Joio e o Trigo

O que estamos perdendo com o avanço da última fronteira agrícola do Brasil

Ancorado por governos de diferentes partidos, processo de grilagem e violência no Matopiba converte lugares singulares, diversos e ricos em paisagens desoladas de soja, algodão e milho

Cidades do Oeste da Bahia estão no topo da lista de desmatamento em 2023. Foto: Tatiana Merlino
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*de Correntina (BA)

Para quem vem de fora, a comunidade de Praia é uma calmaria: um punhado de casas bem cuidadas à beira de um dos rios da região. Mas essa aparência se desfaz sob tensas escalas de revezamento para monitorar as terras e não permitir que grileiros lancem mão. “Foi nos anos 1970 que começou a primeira grilagem. Até ali não existia preocupação com estranho, porque não existia isso no nosso imaginário. A gente não conhecia esse tipo de prática”, conta Eldo Moreira Barreto, da Associação Comunitária do Fecho Clemente

“Para a gente lidar com isso, tem sido muito desafiador. São ameaças de todos os tipos. É bala, é tiro, é cadeia, é repressão, é gente monitorando e perseguindo. Mas a gente faz isso porque aqui é um lugar muito, muito bom de se viver. Faz isso porque a gente acredita e quer continuar aqui.”

E é bom, mesmo. As comunidades de Fundo e Fecho de Pasto de Correntina, no extremo Oeste da Bahia, nos impressionam pela abundância. Ao longo de muitos quilômetros, o que vemos são famílias com uma vida confortável. Arroz, feijão, uma salada bem variada, abóbora, mandioca, quiabo, frango: isso é um almoço básico em tudo quanto é mesa. E nada com veneno. 

Camponeses estão no topo da escala de insegurança alimentar e nutricional no Brasil. O diagnóstico divulgado em 2022 pela Rede Penssan mostrou como agricultores nordestinos sem acesso à água sofrem gravemente de fome. O que vemos em Correntina é o retrato oposto. 

Mas tem um fator que, quando chega, coloca a perder essa equação: o agronegócio. Para tristeza dos camponeses de Correntina, eles estão dentro da “última fronteira agrícola”. O Matopiba, formado por 337 municípios de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, tem sido marcado por uma expansão feita à base de violência e grilagem, com muito apoio estatal. 

Cidades do Oeste da Bahia estão no topo da lista de desmatamento em 2023. Foto: Tatiana Merlino


Nos últimos anos, temos investigado sobre o atrelamento entre terras e mercado financeiro. Fazendas
têm se valorizado de maneira brutal, e já há propriedades vendidas acima de R$ 1 bilhão. 

No conjunto dessa obra, algumas cidades do Oeste da Bahia nos chamaram a atenção: estão no topo da lista de desmatamento em 2023. Também estão entre os maiores PIBs do agronegócio. 

Por lá, uma das maiores negociadoras de terras do Brasil, a SLC Agrícola, anunciou este ano a compra de uma fazenda por R$ 470 milhões. As terras de propriedade da companhia foram recentemente avaliadas em R$ 10,9 bilhões – quase três vezes mais do que o patrimônio em 2020. Diante disso, os moradores das comunidades de Fundo e Fecho de Pasto são um obstáculo à acumulação de dinheiro. 

Há duzentos anos

Foi com a chegada dos primeiros grileiros que os geraizeiros deixaram de ser. Já não era possível usar livremente as Gerais. Então, a cerca surgiu e, com ela, os fundos e os fechos de pasto. “Foi fazer a cerca na perspectiva de que, a partir dali, pudesse estabelecer um limite”, retoma Eldo. “Para dizer, ‘olha, aqui não desce, porque descendo aqui o conflito está estabelecido’. Para tentar barrar o conflito.” 

A estimativa de especialistas é de que essas áreas estejam ocupadas por geraizeiros há pelo menos trezentos anos. Esse período guarda todo um aprendizado sobre o uso das terras úmidas e secas, altas e baixas, sobre os lugares preferidos do gado. 

No caso de Correntina, a relação com os bois é algo marcante. O rebanho costuma ser criado “na solta”, ou seja, sem cercas. Os criadores levam os animais para o Cerrado durante algumas semanas, enquanto o pasto se recupera. Depois, é o Cerrado que se recupera, até que chegue a hora de levar os animais de volta para a solta. “Quando vai para os Gerais, o gado vai achar no mínimo 50, 60, tipos de comida diferente. Não é criado só no capim. Isso traz uma diversidade importante”, continua Eldo. Mas as fazendas têm inviabilizado esse processo. 

Na vida dos geraizeiros de Correntina, a violência vem em ondas. A primeira foi entre os anos 1970 e 80, com um projeto do governo federal de criação de fazendas. A aprovação do Código Florestal, em 2012, em paralelo a uma mudança na lei estadual da Bahia sobre reserva legal, foram um novo momento de grilagem. A tsunami mais recente veio com o governo Jair Bolsonaro.

O alto valor das commodities agrícolas – soja e milho –, o aval para o cometimento de crimes e a especulação com as terras criaram um ambiente propício para a expulsão de camponeses. Como mostramos no Joio, a criação ou a ampliação de certos mecanismos aprofundou o atrelamento entre agronegócio e mercado financeiro, garantindo liquidez, ou seja, facilidade para movimentar dinheiro ao investir em imóveis rurais. Em várias cidades as terras mais do que dobraram de valor ao longo dos quatro anos de Bolsonaro

Para o mercado financeiro, terras não são um meio de vida: são um ativo. Como revelamos, um dos maiores bancos do país, o Itaú, considera que grilagem e desmatamento não são razão para frear a concessão de enormes empréstimos. E, nessa equação, o Matopiba é um eldorado: uma mina de ouro por detrás do arco-íris.

Foi em 2015 que o governo federal reconheceu oficialmente o acrônimo Matopiba. A honra coube a Dilma Rousseff, por meio de um decreto que criou geográfica e imageticamente um território de 73 milhões de hectares – um país do tamanho do Chile. A então presidente era uma entusiasta do projeto, encampado por sua amiga e ministra da Agricultura, Kátia Abreu, outrora conhecida como “Rainha da Motosserra” e líder da bancada ruralista. 

Dilma e Kátia Abreu no lançamento da Agência de Desenvolvimento do Matopiba, em 2016. Foto: Ricardo Stuckert

Foi assim que, com o tempo, os geraizeiros de Correntina acabaram involuntariamente aglutinados com outras comunidades tradicionais que passaram a ser obstáculos. Destinos unidos pela caneta e pela Faria Lima

O surgimento dos fundos de investimento do agronegócio (Fiagro), em 2021, e o boom de financiamento privado parece estar escrevendo uma nova página. No Maranhão, na Bahia, no Tocantins, no Piauí: não param de surgir denúncias de povos tradicionais sendo varridos do mapa. 

Mas, para o mercado financeiro, o Matopiba é promessa de lucro dos grandes. Em 2022, uma empresa chamada 051 Capital lançou um Fiagro com foco exclusivo na valorização de terras na região. É uma aposta, como se terra fosse roleta. O FZDA 11 deseja comprar propriedades e arrendá-las para agricultores, ou seja, o arrendamento é apenas um extra enquanto se aguarda pelo processo de valorização das fazendas.

Flávio Aragão, gestor do fundo, lembra que as propriedades rurais têm se valorizado em 20% acima da inflação. Todo santo ano. Porém, “atualmente a dificuldade de abrir novas terras é maior”, disse, em uma entrevista. Em outras palavras, em algum momento a terra será um ativo mais raro e, portanto, ainda mais valioso. 

É aí que o Matopiba vira a joia da coroa: enquanto no Mato Grosso o processo de acumulação já estaria mais perto do teto, por essas bandas estamos apenas no começo. “No Matopiba vale um terço, um quarto das terras de Mato Grosso”, continua Aragão. O que explica a diferença é a infraestrutura ainda incipiente na região – algo que o governo federal não terá problema em resolver. 

“O Mato Grosso não nasceu assim. Ele se transformou. Porque os grandes grupos foram migrando para lá, foram investindo na região, e a região se desenvolveu.” Isso se dará no Matopiba. 

Murro em ponta de faca

Correntina é a cidade recordista da Bahia em conflitos agrários registrados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). Conflitos que se dão por terra, por água, por barragem, por agronegócio. Nos últimos anos, os geraizeiros tentaram várias vezes, em vão, pedir socorro ao Estado diante das tentativas de avanço dos grileiros. 

“A via institucional, ela é desgastante demais”, analisa Samuel Brito das Chagas, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na região, que acompanhou como os fechos foram sendo tomados pelo avanço da grilagem. “E ela depende de agentes públicos sensíveis. Então você vai ter um promotor sensível, você vai ter um juiz sensível, você vai ter um desembargador sensível. É um risco muito grande.” 

Em quase todos os casos, os geraizeiros sentem que precisam agir por conta própria para não perder as terras. “Eu acho que existe aqui um elemento anárquico muito forte em torno da autonomia desse povo, sabe? Se você for pegar as ideias da teoria anarquista, tem muito disso.  É um povo que sabe fazer de tudo e são muito independentes, são muito autônomos.”

Isolados durante tantos anos, os geraizeiros aprenderam tudo o que era necessário para viver. E viver bem. É comum ver casas de farinha de mandioca, teares e algodão, rapadura, cachaça, polvilho. Um camponês nos mostra, com orgulho, o açúcar de produção própria, que ele garante ser único desse lugar. 

As histórias sobre sucuri embalam a roda de descascagem de mandioca na comunidade de Pedra Branca. Piadas internas que não conseguimos entender, mas que divertem, causam tanta gargalhada e animam tanto, que talvez possamos desapegar de entender. Os geraizeiros gostam de história. Comida, viagem, gado, roça, festa (muita festa): tudo é história. Mas nada chega aos pés da sucuri, o topo das atenções, o assunto mais falado e que rende os maiores exageros. Na véspera nos mostraram o riacho onde supostamente um caminhoneiro havia sido engolido. 

A roda se ajeita ordeira, sem precisar combinar muito as regras porque, depois de tantos anos, cada um já sabe bem aquilo que faz bem. Hoje os vizinhos se ajudam aqui nessa casa. Amanhã será em outra. E, assim, por algumas semanas, até que acabe a temporada de fazer farinha. Alguns fazem uma primeira descascagem, outros dão sequência, até chegar a quem corte no tamanho certo de lavar para depois moer. 

Histórias divertidas embalam a roda de descascagem de mandioca na comunidade de Pedra Branca. Foto: Tatiana Merlino

Seu Valdir José Sodré começa a listar de cabeça os tipos de mandioca, numa tarefa que leva vários minutos: menininha, coco, rio verde, pão da china, vassourinha, serrana, galha baixa, cacau, jacobina, mata rato. O plantio varia de acordo com o ano, com o rendimento, com a finalidade, com a época, com o gosto de cada um. A roda acaba sendo também um momento de “lembramento”. Lembramento de quem se foi, das terras que foram tomadas, de auges e declínios normais da vida. 

Várias comunidades falam com orgulho sobre os sistemas de canais de irrigação – e também com certo pesar, porque muitos canais deixaram de funcionar devido à redução da vazão dos rios. “Os próprios moradores fizeram os canais sem engenharia nenhuma. Na verdade, com muita engenharia, mas sem nenhuma engenharia especializada ou nenhuma formação desse tipo”, continua Eldo. 

Em qualquer lado que se vá, as pessoas de Correntina evocam uma relação muito especial com a água, de entender como esse bem é precioso e, ao mesmo tempo, pode se tornar terrivelmente escasso dado o uso massivo pelas fazendas. Em 2017, metade da cidade protestou contra o rebaixamento do rio, em uma mobilização que ficou conhecida como “revolta da água”. 

Nas estimativas do IBGE, a agricultura e a pecuária precisam de quase 700 litros de água para gerar R$ 1 – é, de longe, o setor da economia com maior demanda. 

“Mudou muito”, acrescenta seu Valdir. “As nascentes que eu conhecia, mais de 40 nascentes, secaram tudo. A chuva agora tá de pouco. E se a própria Justiça não tomar conta disso, não é só a gente que morre de sede, não. A Justiça também morre de sede porque sem água ninguém vive. Aqui, sem água, vira um sertão do mais esquisito.” 

A prosa chega a assuntos mais espinhosos: a pistolagem recente e as pessoas que, por pouco, escaparam da morte. “Estão tomando as Gerais tudo. Se levar o gado pra lá, acontece que nem aconteceu no fecho do Cupim, que o menino tomou um tiro”, continua seu Valdir. 

Foi em abril de 2023 que pistoleiros dispararam contra geraizeiros que tentavam tomar  conta da terra. “Lá naquele fecho [do Cupim] já tinha mais de cem anos. Se for fazer as contas, deve fazer uns 200 anos. Tem gente que morreu com quase cem anos e já conheceu a família trabalhando lá. Foi de descendente a descendente.”

Não pode deixar tomar

Nos últimos anos, os geraizeiros não aprenderam sobre mandioca, nem sobre gado. Eles agora são letrados em injustiça. Já sabem bem direitinho que não podem deixar o pistoleiro se instalar na terra. Porque, se isso acontece, o grileiro vem, e tirá-lo é uma tarefa quase impossível diante de uma Justiça lenta, ou corrupta, ou conivente. 

“Então a gente não sabe exatamente quem é [o suposto] dono e às vezes o dono nunca aparece. Manda o pistoleiro para tentar amedrontar os posseiros. E aí, aos poucos, quando consegue consolidar, o dono aparece”, conta Eldo. Muitas vezes, as Gerais usadas para a solta ficam distantes do lugar de moradia: 50, 60, 70 quilômetros. Então, estabelecer rotinas de revezamento para fiscalizar a própria terra não é trivial. 

No caso de Praia, até aqui tem funcionado, mas o custo financeiro e psicológico é alto. “Nas áreas que foram estabelecidas como fecho, no concreto nós não perdemos nenhum fecho. Só que, na prática, você tem um avanço muito grande de criminalização, de tentativa de entrar, de pistolagem, de fraude de documento”, resume Eldo. Na visão dele, o que sobrou das Gerais é coisa pouca, quase nada, mas, ainda assim, é o último quinhão de terra, então, não há como seguir dando passos atrás – uma versão que ouvimos de moradores de outras áreas. 

“Só saio daqui quando deus me chamar” afirma dona Galdina.. Foto: Tatiana Merlino

Avó e neto contam que as comunidades estão sendo visitadas por pessoas estranhos. Foto: Tatiana Merlino

“Eu não saio daqui. Só saio daqui quando Deus me chamar. Eu quero ficar agasalhada nessa tira das Gerais. Eu mais minha filha”, conta dona Galdina, o corpo franzino, um lenço na cabeça, as mãos cruzadas, sentada numa sombra em um fim de tarde de domingo. O quintal está forrado de crianças. Nos fundos da casa, o polvilho feito pela família seca debaixo de lona, e no dia seguinte será a vez de fazer farinha no moinho próprio. 

Enquanto a turma degusta a cachaça produzida ali mesmo, dona Galdina, 82 anos – pertinho de completar 83 – relembra como chegou até essa comunidade, relativamente próxima de Praia. “Meu pai morreu, deixou eu menina pequena. Minha mãe morreu, deixou eu moça nova.” E ela se acostumou a correr atrás da vida. 

Quando era jovem, veio a conversa de que agora era preciso comprar as Gerais. “Eu saí, fui caçar o dinheiro, e arranjei. Sempre tomando dinheiro para pagar imposto de 36 hectares. Graças a Deus, meu filho, até hoje eu não me arrependo de ter comprado essas Gerais. Ainda estou sossegada. Agora, se este povo anda querendo tomar, eu vou morrendo aos poucos. Eu ando morrendo um tiquinho.”

Logo a família toda vai se achegando, cada um com um pedaço da história. “Vamos dizer que três anos atrás era sossegado”, conta o neto Donizete de Souza Diamantino, mais conhecido como Chico das Risadas. “E agora, de seis meses pra cá, rapaz, tamo passando apertado. É carro estranho na porta da gente direto. É leão em forma de cordeiro. É drone, é avião.”

Nos últimos meses, segundo os moradores, começou a circular a história de que 15 mil hectares da região pertencem a uma empresa e, portanto, todos devem ir embora com uma mão na frente e outra atrás. 

“E partem pra cima da gente dizendo que é tudo deles. O cara que vem lá de São Paulo. Vai saber que aqui era deles? Falam que nós construímos em cima do direito deles. Eles nunca vieram aqui na vida. Nós nascemos e criamos aqui. A vó da minha vó tem quase duzentos anos que morreu. Nasceu e criou aqui.”

Chico orientou a mãe e a avó a não darem conversa pra desconhecidos e, acima de tudo, a não assinarem nenhum papel. “Será que vai conseguir tirar esse tanto de família que tem aqui? Eu acredito que não vai ter esse poder de fazer isso. Esse dinheiro aí, eles podem ter dinheiro, a gente tem garra e força e coragem. Não aceita entrar, não. E os cabra é guerreiro. Os cabra é guerreiro. Rapaz, que é guerreiro.”

É quando entendemos pela enésima vez em poucos anos que esse lugar, a exemplo de vários outros ameaçados pelo agro, é único, que essas pessoas são únicas, que esse momento é único. E somos gratos. Pela enésima vez, rodando por comunidades afetadas pelo agronegócio, somos gratos a isso. Mas também nos desesperançamos de saber que falaremos e muitas pessoas não entenderão que esse lugar é único, que essas pessoas são únicas, que esse momento é único. 

Porque a novela da Globo dirá que o agro é tudo. E nós bem sabemos que é. Uma máquina de atropelar fazeres e saberes e quereres. Que esses saberes não estão em livro algum. Não há Google que dê conta. Não há podcast que registre essa cena. Reportagem jornalística que alcance contar. Uma vez removidas essas pessoas, atropelados esses saberes e fazeres, devastados os quereres, acabou-se. Não há volta. 

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