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Joga Miga: o projeto que reúne mulheres para jogar futebol
O mapa do futebol feminino, uma ferramenta do projeto, mostra lugares em que mulheres podem praticar o esporte no Brasil
Independente do dia da semana, é muito comum ver homens rateando uma quadra ou campo para jogarem futebol. Já para as mulheres fazerem o mesmo, elas enfrentam como principais obstáculos a dificuldade de se reunir e achar lugar para jogar. Nesse cenário que parece até então “não favorável” à reunião de mulheres para praticar o esporte, o projeto “Joga Miga” ganha destaque. Sem limite de idade, sem exigir preparo físico e experiência, a única condição para participar é querer jogar. Os treinos são divididos em parte técnica, física e coletiva. Ele se mantém pelo rateio da quadra e das aulas, através de um plano mensal ou de aulas avulsas.
Uma das ferramentas do “Joga Miga” é o mapa online do futebol feminino, por meio dele, mulheres que não são de São Paulo podem encontrar outras cidades e estados em que podem praticar o esporte. No site do projeto, qualquer um pode colaborar com o mapa através do cadastramento de lugares que tenham futebol feminino.
A ideia, inicialmente, era formar um time sem objetivos muito sérios, apenas para jogar bola. O “Miga FC”, formado efetivamente em 2015 por Nayara Perone e Nathalia Santiago, encontrou dificuldades da equipe jogar junta de forma efetiva, apesar das habilidades individuais das jogadoras. Dois anos depois, elas tiveram a ajuda de Denis Ferreira, um professor que topou treinar o time. “Em 2017, outras meninas que viram e gostaram da ideia se juntaram com a gente. Começamos a treinar com esse professor que comprou a ideia na época”, conta Nayara. Devido à grande procura de outras meninas, o time “Miga FC” virou o projeto “Joga Miga”. Sem fins lucrativos, ele atualmente conta com 3 técnicos e 7 administradoras.
“A gente teve uma grande procura e acabamos criando outras turmas. Hoje, temos 6 turmas, uma quantidade de mensalistas que totalizam 150, além das que vão no modo avulso. Por mês a gente tem um giro de 150 a 180 mulheres jogando conosco. As unidades são localizadas na Pompeia, Butantã e no Tatuapé, em São Paulo. Em maio, a gente inaugura 2 sub-sedes com atletas que já passaram pelo grupo e que vão cuidar do projeto na cidade delas, uma em Franco da Rocha, Grande São Paulo, e a outra em Belém do Pará.”
O projeto ainda conta com a produção de conteúdo para o site com informações dos locais dos jogos, histórias e quem são as jogadoras, por exemplo. O “Joga Miga” pretende até final de maio ter um aplicativo.
O mapa do futebol feminino ajuda mulheres de todo o Brasil a encontrarem um lugar para jogar futebol e conta com a colaboração de voluntários para cadastrar os locais. “Times amadores, escolas, enfim, qualquer lugar que tenha futebol feminino consegue ser cadastrado e ficar visível no mapa para outras pessoas acharem por lá. Encurtou distâncias entre mulheres que querem jogar e lugares que tem futebol feminino, então, elas também têm a chance de achar locais perto de onde moram, quando não é aqui em São Paulo”, explica Nayara.
Um dos principais pontos positivos é que além de poder aprender a jogar futebol do zero, as mulheres, muitas vezes, não praticam nenhuma atividade física até começarem a praticar o esporte. É o caso da Jessica Lange, de 27 anos e executiva de contas.
“Eu nunca joguei futebol na vida, mas um dia fuçando na internet (Instagram) achei o “joga amiga”. Fui lá na cara e na coragem mesmo porque vi que não é necessário saber jogar pra participar. Não sabia que podia realmente aprender futebol e lá tem essa possibilidade. Eu não praticava nenhum esporte, não fazia nada do gênero e hoje eu tenho o futebol como hobby”, conta.
Outro ponto positivo é que o futebol proporciona o surgimento de novas amizades. “Eu estava morando há 5 meses em São Paulo e me sentia muito só, não tinha amizade nenhuma. Depois que comecei a frequentar o futebol aos sábados, minha rotina mudou, antes não tinha amizade, agora tenho as melhores pessoas ao meu lado. A gente jogava futebol, fazia churrasco, tomava cerveja e dava muita risada no pós-jogo”, conta Larissa Guimarães, de 32 anos, que participou do projeto por 7 meses.
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