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Solidariedade climática: a força da mobilização civil em meio às tragédias socioambientais

Não há tréguas: temos uma emergência climática em curso. E a mobilização coletiva constante é fundamental para se assegurar a justiça socioambiental e os direitos humanos e da natureza

Resgate de ilhados pela chuva em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Foto: Carlos Fabal / AFP
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O Rio Grande do Sul tem enfrentado, na última semana, os efeitos de um evento climático extremo, já classificado como o maior desastre socioambiental da história do estado. Dezenas, talvez centenas, de pessoas e animais perderam a vida, e milhares estão desabrigados. Cenas que parecem saídas de filmes de guerra se desdobram, evidenciando, mais uma vez, os sintomas mais frequentes de uma intensa crise climática no mundo todo.

Em meio ao caos, temos visto também uma onda de solidariedade, com pessoas se mobilizando, on e offline, para ajudar as vítimas e mitigar prejuízos. Pessoas como eu e você, sem poder ativo dentro de grandes instituições governamentais ou multinacionais, mas que se sentem abaladas e inconformadas com essa situação.

A crise climática exige uma resposta agressiva, rápida e urgente. E a solidariedade climática deste episódio é exemplo desta agilidade, tão forte quanto a força das águas, com brasileiros do mundo todo se unindo para oferecer suporte e auxílio às comunidades atingidas. Talvez, estejamos também vivendo um momento histórico de demonstração da força do poder civil, agindo em uma escala poucas vezes vista por nós

Essa movimentação, contudo, tende a arrefecer conforme avançam os dias. E é possível que, em pouco tempo, muitas pessoas não se lembrem mais dessa tragédia – assim como podem nem mesmo se lembrar da seca da Amazônia em 2023 ou do rompimento da barragem em Mariana, em 2015. Mais uma vez, serão as comunidades já vulneráveis que sentirão essas consequências de forma mais severa, mostrando como o racismo ambiental está intrinsecamente ligado à desigualdade e à crise climática.

Quando a atenção nas redes sociais cessar, dissipando o destaque dado pelos algoritmos, poderemos ser surpreendidos por outras tragédias. E, então, a solidariedade climática ‘pontual’ deixará de ser suficiente. A mesma mobilização que se une, agora, para doar e amparar as vítimas do Rio Grande do Sul, terá que se unir para exigir dos verdadeiros responsáveis — governos e grandes corporações — políticas eficazes de recuperação, mitigação e adaptação climáticas, além de uma transição energética.

Precisamos de uma conscientização coletiva, que perceba que essas tragédias não são acidentes, e sim frutos de uma dinâmica; e que não podemos nos acostumar com as causas e os efeitos desse tipo de episódio. Há um sistema provocando tudo isso: é o atual modelo de produção industrial, o hiperconsumo, o extrativismo selvagem e o hiperdescarte que, baseado em um fluxo não-natural, insustentável, têm provocado esse caos.

É necessário que este evento trágico sirva como um alerta visceral, uma chamada urgente à consciência global, impulsionando-nos a agir, colaborativamente, hoje, amanhã e todos os dias para transformar essa realidade. Não há tréguas: temos uma emergência climática em curso. E a mobilização coletiva constante é fundamental para se assegurar a justiça socioambiental e os direitos humanos e da natureza.

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