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Igrejas em todo o mundo se unem para proteger a vida

Movimento ecumênico enfatiza a importância e a urgência em adaptar os modos de adoração e comunhão às necessidades do período de pandemia

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Em uma declaração conjunta histórica, divulgada em 26 de março, associações de igrejas de todos os continentes, o Conselho Mundial de Igrejas e conferências e conselhos regionais de igrejas, que representam quase um bilhão de cristãos e cristãs, afirmaram a urgência de estarem unidas para proteger a vida em meio à pandemia da covid-19.

Pela primeira vez na história do movimento ecumênico, igrejas evangélicas e católica romana de todas as regiões ao redor do mundo (Ásia, África, Europa, Pacífico, Oriente Médio, Caribe e América no Norte) estão unidas em uma mensagem comum que exige orações e ações para que o mundo unido proteja a vida.

“Solicitamos que as pessoas em todos os lugares deem maior prioridade para resolver essa situação e ajudar de todas as maneiras possíveis em nossos esforços coletivos para proteger a vida”, diz o comunicado.

Em nome do amor de Deus, “é importante e urgente que adaptemos nossos modos de adoração e comunhão às necessidades deste período de infecção pandêmica, a fim de evitar o risco de nos tornarmos fontes de transmissão viral em vez de meios de graça”, afirmaram os líderes cristãos do movimento ecumênico global.

Estas lideranças lembram: “Nossa fé no Deus da vida nos obriga a proteger a vida” e asseguram: “Vamos manifestar o amor incondicional de Deus de maneiras práticas e seguras que protegem a vida, aliviam o sofrimento e garantem que igrejas e serviços públicos não se tornem pólos de transmissão do vírus”.

Os secretários-gerais das organizações ecumênicas mundiais e regionais afirmaram que o distanciamento físico não significa isolamento espiritual e demandam que as igrejas em todo o mundo revejam seu papel na sociedade, atuando com segurança, provendo e cuidando dos pobres, dos doentes, dos marginalizados e dos idosos, especialmente todos aqueles que estão em maior risco devido à covid-19.

O documento conjunto declara ainda: “As pessoas em muitas partes do mundo estão agora confinadas em suas casas. Estar em casa não significa que não podemos experimentar uma profunda solidariedade espiritual uns com os outros, em virtude do nosso batismo no corpo de Cristo”.

Os líderes cristãos sugerem que cristãos e cristãs orem em suas casas, agradecendo a Deus pela força, pela cura e pela coragem. “Podemos mostrar nosso amor a Deus e ao próximo, não nos reunindo pessoalmente para adoração pública”, diz o texto. “Muitas congregações podem compartilhar suas reuniões de culto online ou digitalmente. Membros e pastores também podem manter contato entre si e prestar assistência pastoral por telefone”.

A nova pandemia de coronavírus atingiu todas as regiões do nosso planeta, continua o texto: “Há medo e pânico, dor e sofrimento, dúvida e desinformação sobre o vírus e sobre a nossa resposta como cristãos (…). Entre histórias de sofrimento e tragédia, há também histórias de bondade simples e amor radical, de solidariedade e de compartilhar esperança e paz de maneiras inovadoras e surpreendentes”.

Os secretários-gerais também pediram a todas as pessoas que considerassem as necessidades daqueles mais vulneráveis ​​do mundo. “No meio desta grave crise, levantamos orações para aqueles que lideram e para governos em todo o mundo, exortando-os a darem prioridade às pessoas que vivem na pobreza, bem como aos marginalizados e refugiados que vivem em nosso meio”, conclui a declaração que pode ser lida na íntegra (em espanhol).

No contexto latino-americano, a Aliança Inter-religiosa pela Agenda 2030 (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e o Pacto Global da ONU), formada por organizações baseadas na fé, que trabalham por paz, justiça e integridade da criação, na América Latina e no Caribe, divulgou uma mensagem aberta em 23 de março. A Aliança é composta por Cáritas, ACT Alianza, Aliança de Igrejas Presbiterianas e Reformadas da América Latina e do Caribe, Federação Luterana Mundial, Centro Regional Ecuménico de Asesoría y Servicio/CREAS, Religiones por la Paz, Visão Mundial e tem vinculação solidária com redes irmãs que atuam em nível global, incluído o Conselho Mundial de Igrejas e outras organizações do movimento ecumênico internacional.

A Aliança reconhece que em meio à situação de discriminação, desigualdade e exclusão dos pobres, marginalizados e excluídos em nosso continente, foi adicionada a pandemia da covid-19. Por isso, a rede apela a todos os governos da região, “como alguns têm feito de maneira muito eficaz, para aprofundar a adoção com responsabilidade e decisão, das medidas necessárias para proteger e cuidar da vida de todas as pessoas, principalmente das populações mais vulneráveis, e empenhar todos os esforços para combater essa pandemia que abala a saúde pública global”.

O documento pede também aos governos da região que “garantam a segurança alimentar e econômica de todas essas populações, bem como preservem os direitos sociais, especialmente os direitos trabalhistas, para que a abordagem da crise econômica aprofundada pela pandemia não recaia nas pessoas em extrema pobreza, nem exacerbar as desigualdades estruturais”.

As organizações latino-americanas e caribenhas expressam consternação com toda a dor e sofrimento vividos nas regiões mais afetadas pela pandemia na Ásia, Europa e América do Norte, e roga “a Deus Todo-Poderoso para que esse mal acabe em breve”. Demandam ainda um dia de oração comum nas comunidades de fé com este pedido e que “nos fortaleça em nossa vontade de continuar a enfrentar com solidariedade e dedicação a luta contra essa pandemia e pela vida plena da humanidade nesta casa comum”.

Clique aqui para ler a a mensagem na íntegra.

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