Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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‘Sempre penso nas meninas’: Izzy Gordon faz uma ode à autoestima em ‘Neguinha Sim’

Cantora prepara o lançamento de seu 5º álbum, ‘O Dia Depois do Fim do Mundo’, com letras dos poetas Elisa Lucinda e Sérgio Vaz

Foto: Júnior Santos/Divulgação
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Izzy Gordon estava em mais um evento no Largo do Rosário, onde fica a Igreja do Rosário dos Homens Pretos, um marco de raízes afro que permaneceu de pé em São Paulo. Lá, ouviu pela primeira vez Neguinha Sim e se impressionou com famílias e crianças cantando.

A música fala do orgulho negro: “Neguinha, sim! O meu cabelo é pixaim, meu black power fica assim, e quer saber? Eu sou muito, muito feliz. Ele brilha com o sol, o meu cabelo faz um caracol e ele é bonito em Paris, Dacar, São Luís e Maceió”.

A cantora, então, pensou: “Meu cantar faz sentido se estou fazendo alguma coisa. A gente sabe que a música entra nas pessoas, que a música faz bem. Mas eu preciso gravar Neguinha Sim”. E foi o que fez.

“É importante para as meninas. Sempre penso nas meninas. Eu tive isso em casa. Essa coisa da autoestima. Meu pai (Dave Gordon) era artista. Claro que quando ia para escola a gente passava dificuldades, mas sempre tive autoestima. Ela representa muito mesmo, principalmente no mês da Consciência Negra.”

Neguinha Sim, com letra e melodia de Renato Gama, foi lançada dias atrás como um single. É a terceira música apresentada ao público do quinto álbum de estúdio da cantora, previsto para chegar às plataformas digitais no primeiro semestre do ano que vem. As duas outras canções já lançadas têm letras dos poetas Elisa Lucinda (A Ilha) e Sérgio Vaz (A Vingança).

O nome do novo disco é O Dia Depois do Fim do Mundo, uma referência ao término da pandemia. O disco exalta a música negra, com samba-jazz, blues, bossas e sambas. Com mais de 30 anos de carreira, Izzy sempre circulou nos palcos das casas noturnas.

Izzy diz prezar muito pela troca com o público, mas, durante a pandemia, teve de se recolher, como todo mundo. “Sofri muito”, diz. Ela conseguiu se ajustar às lives, embora em um show para o Sesc ainda sem público tenha se sentido estranha.

“Fui no camarim, fiz maquiagem e quando entrei para fazer o show, subi no palco, tinha esquecido que não existia esse público. Esse foi o grande choque, mais do que ficar em casa”, relembra. “Quando entrei no palco, vi uma escuridão ali. Eram somente câmeras (já que o show seria transmitido). Foi um choque de realidade.”

Nos últimos tempos, a partir do reencontro com o público, sentiu algo como um renascimento: “É minha vida cantar. Gosto muito”.

No fim dos shows mais recentes, percebeu também uma diferença nos abraços. “Senti a carência (do público) e ao mesmo tempo fiquei feliz por saber da importância da música, do nosso trabalho. O público ficou mais emotivo, caloroso.”

Além de cantar seus álbuns nos shows, Izzy Gordon realiza dois espetáculos especiais. Um chamado Rainha, no qual interpreta Dolores Duran (sua tia), Elza Soares e Lecy Brandão. Outro projeto levado aos palcos por ela é o Dáguas, com composições próprias e de parceiros poetas.

Assista à entrevista de Izzy Gordon a CartaCapital na íntegra:

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