Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Jorge Vercillo diz ver mais ‘respeitabilidade’ da crítica com a sua música

Cantor e compositor faz turnê pelo País para comemorar os 30 anos de carreira com clássicos e canções do álbum ‘Raça Menina’

O cantor e compositor Jorge Vercillo. Foto: Rafa Mattei/Divulgação
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Encontro das Águas, de 1993, foi o primeiro álbum, ainda em formato vinil. Com o segundo, Em Tudo que é Belo (1996), Jorge Vercillo deu início à sucessão de trabalhos em formato CD. Depois, veio a era dos DVDs. Hoje, ele calcula que já passa de um bilhão de plays e visualizações de suas músicas nas diferentes plataformas de streaming.

“A nova fase digital tem o pagamento das plataformas, o que é uma coisa ruim. É muito baixo. Isso não é só o Jorge Vercillo quem fala. É o Paul McCartney, que se juntou a outros artistas para buscar uma equiparação às (execuções) nas rádios”, diz ele.

“Independentemente disso, os parâmetros e a nossa prática no digital são muito bacanas. Primeiro, democratizou – é muito mais fácil lançar música e tal. Segundo, porque o álbum fica sendo preservado e o artista é motivado a lançar um EP ou uma música a cada momento.”

Jorge Vercillo teve mais de uma dezena de músicas em trilhas de novelas da TV Globo, o que o ajudou a alcançar números astronômicos de vendas de discos e de ouvintes na internet. Agrega-se a isso a produção de hits, o que o levou mais facilmente às rádios.

“No Leve (seu terceiro álbum, lançado em 2000), com a música Final feliz, que era mais pop, dentro da MPB contemporânea, me tornei mais conhecido”, lembra. “Em 2002, no disco Elo, foi quando meu nome ganhou projeção, com Que nem maré.”

O músico diz estar se sentindo como no início da carreira, depois de 30 anos de lançamento de seu primeiro trabalho: “A gente está sempre querendo algo mais, mas ao mesmo tempo vendo muitos resultados. A grande magia da vida é a continuidade.”

Hoje, Vercillo tem seis álbuns lançados pelo seu selo. O último foi Raça Menina, apresentado há poucas semanas. Algumas canções já ganharam elevada audiência nas rádios e nas plataformas de streaming.

É o caso da música Endereço. Ele conta que a canção é uma parceria com os compositores de hitmake do sertanejo Bruno Sucesso, Elan Rúbio e Marcello Henrique, além do produtor Rafinha RSQ. Jorge Vercillo é um ídolo deles.

Vercillo destaca a parceria desenvolvida na realização da canção e conta ter promovido algumas alterações na música para seu estilo, antes de gravá-la.

“Muitos deles têm sonho de gravar com Lenine, Ana Carolina, Djavan, Caetano. A MPB é um estilo muito prejudicado no mercado, mas muito desejado, admirado”, avalia. “Sou cria de Gil, Caetano, Milton Nascimento. É uma linha musical que precisa se unir mais, porque é um estilo muito forte.”

O músico afirma haver muitas músicas da MPB fora do mundo digital, inclusive algumas que fez com parceiros como Flavio Venturini, Fagner e João Bosco. “Tenho vontade, pelo meu selo, a Elo, de relançar ou lançar esses trabalhos da MPB. Acaba que a MPB ficou um pouco preterida, um pouco prejudicada nesse mundo digital. O pop, o sertanejo e o samba têm sido mais privilegiados.”

Jorge Vercillo diz viver um novo divisor de águas na carreira, depois de três décadas de estrada. “É um momento da respeitabilidade, em que os críticos já respeitam meu trabalho, em que a imprensa já entende o meu trabalho, consegue explorar melhor as nuances do meu trabalho. Esse momento é de mais respeitabilidade”, afirma. “A música tem de ser boa, me emocionar, para eu acreditar que possa emocionar meu público.”

A turnê de comemoração de 30 anos de carreira de Jorge Vercillo começou no sábado 15, no Tokio Marine Hall, na capital paulista. Depois, a turnê segue para Rio de Janeiro (29/4), Belo Horizonte (5/5), Maceió (12/5), Salvador (13/5), São Luís (20/5), Natal (26/5), Recife (27/5), Vitória (3/6) e João Pessoa (8/7). No roteiro do show, estão músicas do recém-lançado Raça Menina e sucessos da carreira.

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