Hamilton de Holanda: ‘Pixinguinha continua a construir a nossa música’

O Mundo de Pixinguinha foi um álbum lançado há dez anos por Hamilton de Holanda sobre a obra do maestro. O trabalho contou com a participação do pianista cubano Chucho Valdés, o trompestista americano Wylton Marsalis, o pianista italiano Stefano Bollani, o acordeonista francês Richard Galliano, entre outros.

O bandolinista lembra que quando os músicos se depararam com a obra de Pixinguinha a expressão foi de “encantamento”. Chucho Valdés, na primeira leitura da partitura de Lamento, quando chegou à metade da composição de Pixinguinha, ele parou de tocar o piano e começou a chorar. “Esse senhor é maravilhoso”, repete Hamilton o que disse Valdés sobre nosso músico maior.

“Pixinguinha merece sempre ser lembrado”, diz o bandolinista, que desde menino teve contato com as composições no maestro, que nesse domingo 23 celebra seu nascimento e por isso é marcado como Dia Nacional do Choro.

“Você começa a tocar o Pixinguinha e vai lá à frente, depois volta lá à trás. A música dele é atemporal e que tem alguns elementos que me agradam demais, como o ritmo de melodia”, diz. “Me emociono quando toco Carinhoso, Vou Vivendo, Um a Zero, Rosa, Lamento, Segura Ele, entre outras. É um repertório que construiu e continua a construir uma parte importante da música brasileira”.

Hamilton de Holanda explica que para tocar Pixinguinha é preciso estar muito atento, “pois ela tem muitos detalhes, de harmonia, de melodia, de velocidade, de técnica e exige muito do músico”. O bandolinista acrescenta que as composições do maestro são ainda instigantes, educativas e um “deleite” tocar.

O músico gravou há pouco tempo um choro inédito de Pixinguinha, chamado Caprichoso, lançado dentro do projeto Pixinguinha Como Nunca, que apresenta 50 músicas inéditas do compositor morto há exatos cinco décadas.

O bandolinista também acabou de lançar novo álbum instrumental, o Flying Chicken (Selo Brasilianos e Sony Music). O disco é marcado com solos maiores (as faixas tem mais tempo do que o padrão) que é uma característica de aproximação do choro com jazz revelado no trabalho.

O álbum de oito faixas tem a presença mais constante não só do virtuoso bandolim do Hamilton, mas do outros dois instrumentos que integram a gravação do disco.

“Tem a presença mais constante do teclado, dos sons eletrônicos e da bateria. O Salomão Soares tocando teclados e um pouco de piano. O Big (Thiago Rabello) tocando a bateria. Então tem uma sonoridade bem particular. O som preenche, parece uma tela cheia. Você percebe detalhes das melodias”, esclarece sobre a sonoridade de Flying Chicken, que tem composições suas inéditas, sendo uma em parceria com Michael League (baixista da banda de jazz americana Snarky Puppy) e outra com Xande de Pilares.

Hamilton de Holanda está em turnê na Europa, onde fica até o começo de maio. Está realizando apresentações com o pianista sul-africano Nduduzo Makhathini e o repertório é de composições de ambos. Os dois já haviam feito série de shows esse ano nos Estados Unidos.