Diversidade

Toffoli proíbe apreensão de livros na Bienal do Rio

Presidente do STF atende pedido da Procuradora-geral da República e derruba decisão que autorizava confisco de obras com temática LGBT

Toffoli proíbe apreensão de livros na Bienal do Rio
Toffoli proíbe apreensão de livros na Bienal do Rio
Ministro Dias Toffoli: avanço contra procurador da Lava Jato (Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF)
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, derrubou neste domingo 8 uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que autorizava fiscais a apreenderem livros com temática LGBT na Bienal literária da capital fluminense.

No sábado 7, Cláudio de Mello Tavares, presidente do TJ-RJ, acatou o pedido da Prefeitura do Rio de Janeiro para confiscar livros voltados público infantojuvenil que abordassem temas LGBTs e não estivessem lacrados, com informações sobre o seu conteúdo.

Para o desembargador, a decisão não é um “ato de censura”. Tavares argumentou que obras com tais temas atentam contra o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Contudo, o ECA sequer menciona a homossexualidade.

O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Claudio de Mello Tavares. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

A tentativa de censura começou na quinta-feira 5, quando o prefeito fluminense e bispo licenciado Marcelo Crivella (PRB) ordenou que fossem recolhidas cópias do HQ “Vingadores – A Cruzada das Crianças”, que mostra dois homens se beijando.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, acionou o STF requisitando a derrubada da decisão do TJ-RJ, pois a mesma constitui “censura genérica” e “fere frontalmente a igualdade, a liberdade de expressão artística e o direito à informação”.

Trecho da HQ “Vingadores: A cruzada das crianças” Foto: Reprodução

Toffoli acatou o pedido, argumentando que a decisão de Tavares fere “a um só tempo, a estrita legalidade e o princípio da igualdade”. “Ademais, o regime democrático pressupõe um ambiente de livre trânsito de ideias, no qual todos tenham direito a voz. De fato, a democracia somente se firma e progride em um ambiente em que diferentes convicções e visões de mundo possam ser expostas, defendidas e confrontadas umas com as outras, em um debate rico, plural e resolutivo”, afirmou.

 

Mais cedo, o ministro do STF Celso de Mello já havia considerado a decisão um “fato gravíssimo” e “inaceitável”. Em nota ao jornal Folha de S.Paulo, o decano afirmou: ”sob o signo do retrocesso –cuja inspiração resulta das trevas que dominam o poder do Estado–, um novo e sombrio tempo se anuncia: o tempo da intolerância, da repressão ao pensamento, da interdição ostensiva ao pluralismo de ideias e do repúdio ao princípio democrático!!.”

Mello ainda escreveu que “mentes retrógradas e cultoras do obscurantismo e apologistas de uma sociedade distópica erigem-se, por ilegítima autoproclamação, à inaceitável condição de sumos sacerdotes da ética e dos padrões morais e culturais que pretendem impor, com o apoio de seus acólitos, aos cidadãos da República”.

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