Política
Nas redes sociais, Bolsonaro volta a defender reforma (e não convence)
Depois de duas semanas sem um post sequer sobre Previdência, presidente faz citações tímidas e sibila quanto à inclusão dos militares


Nem só de factoides pornográficos e uso errático do idioma vive Jair Bolsonaro nas redes sociais. Conforme sugeriram nos corredores alguns deputados, o presidente voltou a usar seus canais de internet para falar sobre a Reforma da Previdência, a primeira prova de fogo do governo.
Pouco convencido, o Congresso cobrava uma postura mais enfática de Bolsonaro na defesa do projeto. Desde que a proposta foi entregue à casa, no dia 20 do mês passado, Bolsonaro só mencionou o assunto no Twitter cinco vezes. Duas vezes nos dias 20 e 21, e o restante, na última quinta-feira.
Na quinta 7, depois de um jejum de duas semanas sem um pio sobre o projeto, ele publicou uma sequência de posts destacando o combate aos privilégios (faz um adendo: inclusive os militares!). Destaque para a segunda postagem de um vídeo oficial no qual ele próprio, em tom monocórdio, defende alguns pontos da Reforma.
Nova Previdência: pic.twitter.com/91mhYKBold
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 7, 2019
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Bolsonaro também retomou as famigeradas transmissões ao vivo que marcaram sua campanha eleitoral. Falou sobre a Previdência por 1min40s, segundo levantamento da Folha de S. Paulo. A esperança, segundo declarou, é que o projeto seja aprovado sem muitas alterações – e logo.
“Nós pretendemos, sim, aprovar esta reforma que está lá. Se bem que o parlamento é soberano para fazer qualquer possível alteração. Só esperamos que ela não seja muito desidratada para que atinja realmente seu objetivo e sobrem recursos para nós investirmos em emprego, segurança, saúde, educação. É isso que pretendemos com a nova Reforma da Previdência”, disse.
O tema mais importante para o governo ganhou menos atenção para assuntos mais pedestres, como lombadas eletrônicas (1min43s) e ilustrações genitais informativas em cartilhas de saúde (2min24s).
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Militares em xeque
A falta de um projeto para as Forças Armadas é o grande entrave para o andamento da Previdência no Congresso. Também na quinta-feira, Bolsonaro falou “sacrifício” em evento dos fuzileiros navais no Rio de Janeiro. “Entraremos sim, numa nova Previdência que atingirá os militares, mas não deixaremos de lado, não esqueceremos, as especificidades de cada força”, afirmou. O governo promete apresentar o texto no dia 20 de março.
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