Justiça

TCU analisa nesta quarta se Lula terá de devolver relógio recebido na França em 2005

Ala bolsonarista quer que Lula fique com o item em uma tentativa de salvar Jair Bolsonaro da acusação de peculato no caso das joias

TCU analisa nesta quarta se Lula terá de devolver relógio recebido na França em 2005
TCU analisa nesta quarta se Lula terá de devolver relógio recebido na França em 2005
Foto: EVARISTO SA / AFP
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O Tribunal de Contas da União (TCU) inicia, nesta quarta-feira 7, o julgamento que determinará se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá de devolver um relógio da marca Cartier, recebido por ele como um presente da própria marca durante uma viagem a Paris, feita em 2005. O item é avaliado em 60 mil reais e feito em ouro branco 16 quilates e prata 750. 

A expectativa é de que o relator do caso, o ministro Antonio Anastasia, apresente seu voto ainda nesta quarta-feira. O voto dele deve seguir a recomendação da área técnica do TCU, que indica que Lula não deveria devolver a peça. 

A posição do órgão aponta que à época que o presente foi recebido, não havia a regra que define quais itens poderiam ser incorporados ao patrimônio pessoal dos mandatários. 

O entendimento que aponta que os presidentes podem ficar apenas com itens de baixo valor e pessoais foi firmado pelo TCU apenas em 2016. No entanto, a regra não delimitou os preços máximos dos itens considerados “de baixo valor”. 

É nesse argumento que se apegam os bolsonaristas, que alegam que os critérios estabelecidos pelo Tribunal não são claros, ainda que o ministro tenha frisado à época que joias não poderiam ser consideradas itens pessoais. 

O caso de Lula ganhou novo contexto após a explosão do escândalo das joias envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com o cerco se fechando para o ex-capitão, bolsonaristas apostam justamente em uma decisão favorável a Lula para tentar engrossar os argumentos da defesa do político da extrema-direita.

Na prática, a intenção não está relacionada em poupar o atual presidente de um eventual constrangimento ao devolver um presente recebido há 19 anos, mas sim de pavimentar uma solução jurídica para tentar salvar o ex-capitão. 

Bolsonaro foi indiciado em julho pela Polícia Federal por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro no inquérito sobre as joias recebidas do regime da Arábia Saudita. 

Caso a tese em favor de Lula prospere entre os ministros do TCU, há uma expectativa de que poderia haver uma alteração na resolução que regulamenta o recebimento de presentes pelas autoridades brasileiras.

Atualmente, são considerados “personalíssimos” – e portanto, podem ser levados ao fim do mandato – apenas itens de uso pessoal e de baixo valor. Todos os outros devem ser incorporados ao patrimônio público.

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