Justiça
STF valida o repasse de dados para investigação de crimes graves, mesmo sem aval judicial
Entre os crimes listados estão cárcere privado, redução à condição análoga à de escravo e tráfico de pessoas
O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou nesta quinta-feira 18 serem constitucionais as normas do Código Civil que autorizam delegados e integrantes do Ministério Público a solicitarem, sem autorização judicial, dados cadastrais a operadoras de celular.
Conforme a decisão da Corte, essas informações só podem ser usadas em investigações sobre os crimes de cárcere privado, redução à condição análoga à de escravo, tráfico de pessoas, sequestro-relâmpago, extorsão mediante sequestro e envio ilegal de criança ao exterior.
Os ministros também validaram a requisição, com autorização judicial, para que prestadoras de serviço de telecomunicações disponibilizem imediatamente sinais, informações e outros dados que possam localizar a vítima ou o suspeito desses crimes.
Prevaleceu no julgamento a manifestação do relator, Edson Fachin. Em um voto apresentado em 2021, antes de o julgamento ser interrompido, ele argumentou que a Constituição assegura o sigilo das comunicações, mas autoriza o afastamento dessa garantia em investigações criminais.
Fachin reforçou que a permissão concedida pelo STF para acesso sem aval judicial se aplica apenas a dados cadastrais.
O julgamento ocorreu a partir de uma ação da Associação Nacional das Operadoras Celulares (Acel). A entidade mencionou um suposto esvaziamento da proteção constitucional à privacidade e ao sigilo das comunicações.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
STF valida o ‘cadastro de pedófilos’, mas limita informações
Por CartaCapital
‘Problema interno dos EUA’: Barroso minimiza a divulgação de ofícios do STF
Por CartaCapital
STF reage e diz que relatório dos EUA não mostra a íntegra das decisões
Por André Lucena



