Política
O que diz Bolsonaro sobre a delação de Ronnie Lessa e o suposto mandante
O nome do ex-capitão foi associado ao caso em 2019, após uma reportagem do ‘Jornal Nacional’ repercutir o depoimento de um porteiro do condomínio onde mora a família Bolsonaro no Rio


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a provável colaboração premiada de Ronnie Lessa à Polícia Federal o deixa “aliviado”. Segundo o site The Intercept Brasil, o delator apontou Domingos Brazão como um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes.
– O caso Marielle se aproxima do seu final com a delação de Lessa (ainda não homologada). Também cessa a narrativa descomunal e proposital criada por grande parte da imprensa e pela militância da esquerda.
– Quando a TV Globo denunciou o caso, em 30/out/2019, Bolsonaro estava… pic.twitter.com/Q7fantF3LG
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 23, 2024
“Para mim, é um alívio. Bota um ponto final nessa história”, disse Bolsonaro ao Metrópoles. “Em 2019, tentaram me vincular ao caso e me apontar como mandante do crime. Teve o tal do porteiro tentando vincular a mim [Lessa e Bolsonaro moravam no mesmo condomínio, na Barra da Tijuca, no Rio]. Eu estava na Arábia na ocasião e fui massacrado.”
O nome de Bolsonaro foi associado ao caso em 2019, após uma reportagem do Jornal Nacional antecipar o depoimento de um porteiro do Vivendas da Barra, onde mora a família Bolsonaro no Rio de Janeiro. No mesmo condomínio, morava Ronnie Lessa.
Segundo o porteiro disse na primeira versão de seu depoimento, Élcio Queiroz, motorista do carro que perseguiu a vereadora esteve no Vivendas da Barra horas antes do crime, e disse que iria à casa 58.
O porteiro identificou a voz de quem atendeu como sendo a do “Seu Jair”. Ao acompanhar a movimentação do carro pelas câmeras de segurança, contudo, ele percebeu que o carro, na verdade, havia ido à casa 66 do condomínio, onde morava Ronnie Lessa.
Meses depois, o Ministério Público do Rio de Janeiro analisou a gravação da portaria e concluiu ter sido Ronnie Lessa quem liberou a entrada de Queiroz na data.
Diante da repercussão dos novos detalhes da delação de Lessa, bolsonaristas têm agido de forma coordenada para tentar associar Domingos Brazão ao Partido dos Trabalhadores. A base da tese é uma antiga foto de Brazão, em 2014, com o adesivo de campanha de Dilma Rousseff no peito, acompanhado de Eduardo Cunha. Em resposta, parlamentares da ala progressista resgataram vídeos que mostram o irmão de Domingos, deputado federal Chiquinho Brazão, ao lado de Flávio Bolsonaro em trio elétrico durante a campanha de reeleição de Jair Bolsonaro em 2022.
Bolsonaro também comentou a disputa de versões referente ao ‘lado’ de Brazão na política brasileira. Ao Metrópole disse: “Não é porque o Domingos Brazão apoiou a Dilma, ou porque o irmão dele me apoiou, que qualquer um de nós tem algo a ver com o caso”.
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