Política

As explicações de Domingos Brazão sobre o caso Marielle

Conselheiro do TCE-RJ se pronuncia sobre acusação de ter sido citado por Ronnie Lessa como mandante do assassinato da vereadora

Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ. Foto: Reprodução
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O nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão está no centro das discussões sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, depois que o site The Intercepct Brasil revelou, na última terça-feira 23, que ele teria sido o mandante do crime. 

(Atualização: Brazão foi preso neste domingo, 24 de março de 2024, pela PF em operação que mira os mandantes do assassinato)

De acordo com a publicação, o miliciano Ronnie Lessa, que já confessou que disparou contra a vereadora em março de 2018, citou Brazão como mandante do crime em um acordo de colaboração premiada celebrado com a Polícia Federal. 

O acordo estaria no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por envolver acusações contra pessoa que exerce cargo público, tendo foro por prerrogativa de função.

Brazão, porém, nega que tenha relação com o assassinato de Marielle. Em entrevista ao portal Metrópoles, publicada nesta quarta-feira 24, o conselheiro do TCE do Rio disse que nunca conheceu a vereadora, tampouco Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, o ex-policial que também fez um acordo de delação premiada e confessou ter participado do crime. 

Na entrevista, Brazão chegou a indicar que Lessa e Queiroz – o último também o citou no depoimento, mas sem indicá-lo como mandante – poderiam estar se referindo a ele para “proteger alguém”. Além disso, de acordo com Brazão, a Polícia Federal (PF) poderia estar trabalhando em uma linha de investigação que iria “surpreender todo mundo”. “A PF está […] me fazendo sangrar”, disse Brazão.

Outro nome importante no caso é o do atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT-RJ), que, em 2018, era colega de bancada de Marielle e sempre foi próximo à vereadora. A reportagem do Intercept Brasil aponta, por exemplo, que a principal hipótese para que Brazão determinasse a morte da vereadora seria por vingança a Freixo.

A situação limite teria acontecido por um conjunto de acontecimentos: Freixo, por exemplo, citou Brazão na CPI das Milícias, em 2008, assim como foi importante para que a PF deflagrasse a Operação Cadeia Velha, em novembro de 2017, que levou nomes fortes do MDB à prisão, como os deputados estaduais Paulo Melo e Jorge Picciani. Vale destacar que Brazão pertence a um grupo político tradicional no RJ.

“Não tenho relação nenhuma com o Freixo, mas acho que ele não me via como inimigo”, disse Brazão na entrevista, citando o fato de que o petista teria sido cordial com ele, quando se encontraram.

“Freixo foi deputado comigo, eu já era deputado quando o Freixo foi deputado. Ele fazia o papel dele no PSOL. Eu disse que o Picciani era mais aliado do Freixo do que meu […] Acho que isso aí não cola. Não posso imaginar que o Freixo caia nessa panela aí”, afirmou Brazão.

Por fim, o conselheiro do TCE falou sobre as implicações do assassinato de Marielle no PSOL, partido do qual a vereadora fazia parte. 

“Acredito que eleitoralmente interesse ao PSOL. […] Eu acho que isso, dentro do contexto político, a gente pode fazer uma guerrinha. Ninguém tirou mais proveito da morte da Marielle do que o PSOL. Isso é um fato”, apontou Brazão. “Não é porque o PSOL queria se aproveitar disso. É porque vitimiza e está lá. Não era o PMDB, não era ninguém. Isso é conversa fiada de político que não cola”, indicou o político, sem dar detalhes da acusação política.

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