Justiça

Governo Lula defende no STF que vida íntima não seja usada para desqualificar vítimas de violência sexual

Ação quer proibir a expressão “bem como ao comportamento da vítima”

Governo Lula defende no STF que vida íntima não seja usada para desqualificar vítimas de violência sexual
Governo Lula defende no STF que vida íntima não seja usada para desqualificar vítimas de violência sexual
Foto: Evaristo Sá/AFP
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O governo Lula (PT) defendeu, através de parecer elaborado pela Advocacia-Geral da União e enviado ao Supremo Tribunal Federal, que a vida sexual anterior da vítima de violência seja desconsiderada em investigações e julgamentos criminais. O documento foi protocolado nesta terça-feira 23.

A posição da gestão petista foi apresentada uma ação na Corte que contesta “a prática de tolerar e validar, em processos apuratórios e de julgamento de crimes contra a dignidade sexual, questionamentos sobre a vida sexual pregressa e o modo de viver da vítima”.

No parecer, assinado pela consultora da União Maria Helena Pedrosa, a AGU sustenta que, apesar do avanço da legislação de proteção a mulheres vítimas de violência, a exemplo da Lei Maria da Penha, os crimes de violência sexual aumentaram nos últimos anos.

O documento ainda cita o aumento de casos em que acusados de estupro são absolvidos porque as mulheres são desqualificadas por juízes em razão de aspectos que não têm relação com o crime denunciado.

“Não pode haver espaço para retrocessos na proteção, no acolhimento institucional e no acesso a uma ordem jurídica justa pelas vítimas de crimes sexuais, tolerando-se práticas como as descritas na petição inicial, que violam frontalmente o estatuto protetivo constitucional, legal e internacional das mulheres”, diz a manifestação.

A ação quer proibir ainda a expressão “bem como ao comportamento da vítima”, para excluir a possibilidade de que o juiz, ao fixar a pena, leve a vida sexual pregressa da vítima em consideração.

A Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 1.107, movida pela Procuradoria-Geral da República, está sob relatoria da ministra Cármen Lúcia e ainda não tem data para ser julgada.

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