Economia

Moraes mantém suspensa assembleia da Eletrobras sobre Furnas, mas cobra explicação de instâncias inferiores

A reunião de acionistas, inicialmente marcada para 29 de dezembro, trataria da incorporação da subsidiária pela Eletrobras

Moraes mantém suspensa assembleia da Eletrobras sobre Furnas, mas cobra explicação de instâncias inferiores
Moraes mantém suspensa assembleia da Eletrobras sobre Furnas, mas cobra explicação de instâncias inferiores
O ministro Alexandre de Moraes, do STF. Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, estabeleceu nesta quarta-feira 3 o prazo de 48 horas para juízos de instâncias inferiores se manifestarem sobre as decisões que suspenderam a realização de uma assembleia geral extraordinária na Eletrobras.

A reunião de acionistas, inicialmente marcada para 29 de dezembro, trataria da incorporação da subsidiária Furnas pela Eletrobras. O encontro, porém, foi barrado por decisões liminares do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região e do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

A Eletrobras, então, acionou o STF e solicitou a anulação das decisões de instâncias inferiores. Moraes, contudo, não tomou uma decisão sobre o mérito do pedido – ou seja, manteve a suspensão.

“Para melhor apreciação da questão posta nos autos, intimem-se, com urgência, as autoridades reclamadas para que prestem informações no prazo de 48 horas”, escreveu o magistrado.

A Associação dos Empregados de Furnas – acionista da Eletrobras – entrou na Justiça contra a assembleia, sob o argumento de que o processo de incorporação “está seguindo seu curso de forma açodada, pouco transparente e com risco de dano aos acionistas minoritários”.

“Há perigo de dano irreversível caso não seja mantida a suspensão de 90 dias da AGE convocada para o dia 29/12/2023”, diz a ASEF em manifestação ao STF.

Outro processo

Em 19 de dezembro, o ministro Kassio Nunes Marques, do STF, determinou a abertura de uma mesa de conciliação sobre a ação apresentada pelo governo Lula (PT) para ampliar o poder de voto da União nas decisões da Eletrobras, privatizada em 2022.

Em maio, o governo, por meio da Advocacia-Geral da União, acionou o STF contra trechos da lei que autorizou a venda da empresa. A ação contesta o dispositivo a tratar da redução na participação da União em votações no conselho.

A lei impediu que um acionista ou um grupo de acionistas exerça poder de voto superior a 10% da quantidade de ações. A avaliação da AGU é que o governo federal foi prejudicado pela norma, uma vez que detém cerca de 42% das ações ordinárias.

O órgão defende declarar a inconstitucionalidade parcial da lei, a fim de que as normas restritivas somente “se apliquem ao direito de voto referente a ações adquiridas após a desestatização da Eletrobras”.

Em manifestação apresentada em agosto, a Procuradoria-Geral da República deu razão ao governo, mas recomendou a abertura de uma tentativa de conciliação entre as partes, em busca de um consenso.

Na decisão de dezembro, Kassio Nunes afirmou se tratar de um tema “sensível”. Ele chamou o processo de desestatização, aprovado pelo Congresso Nacional, de “amplo e democrático”. Reconheceu, também, “a relevância estratégica da Eletrobras para o sistema elétrico nacional e o elevado investimento público em jogo”.

Segundo o ministro, é necessário preservar, de um lado, a indisponibilidade do interesse público, o direito à propriedade e os princípios que regem a administração pública; do outro, a segurança jurídica, a proteção da confiança e a “legítima expectativa dos acionistas minoritários”.

Uma eventual decisão do STF neste caso, argumenta Kassio Nunes, poderia “acarretar impacto significativo não só à administração da Eletrobras, mas também ao sistema elétrico nacional e, em última instância, à própria ordem econômica”.

Ele optou, então, por enviar os autos à Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal, para tentativa de solução amigável entre as partes, por 90 dias.

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