Economia
Comissão adia a leitura de parecer da LDO após críticas do governo Lula
Randolfe Rodrigues fez ressalvas ao relatório apresentado pelo deputado Danilo Forte


A leitura do relatório sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias foi adiada pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional após um pedido do governo federal para rever alguns pontos.
Sob a relatoria do deputado Danilo Forte (União-CE), a LDO estabelece regras para os gastos do governo em 2024. O texto ainda está sob análise na CMO e precisa passar por votações nos plenários da Câmara e do Senado até a semana que vem.
Segundo o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), a gestão federal tem “ressalvas” em relação à LDO e insiste em negociações.
A primeira ressalva diz respeito à inclusão das verbas do Sistema S no Orçamento.
Hoje, essas verbas já são recolhidas pela Receita Federal, mas são constituídas por contribuições pagas por empresas e destinadas a entidades como o Sesc, o Senac, o Sesi e o Senai. Elas não são contabilizadas no Orçamento.
A mudança proposta por Forte é criticada por empresas que temem que essas verbas possam ser contingenciadas. Do ponto de vista do governo, Randolfe apontou a preocupação de a medida reduzir a margem na gestão dos limites de despesa sob o arcabouço fiscal.
A segunda ressalva está relacionada ao estabelecimento de um cronograma para o pagamento das emendas impositivas, que são pagas de forma obrigatória pelo governo aos parlamentares.
As emendas impositivas são verbas que o governo disponibiliza para os parlamentares utilizarem em projetos que consideram prioritários. Apesar de obrigatórias, não havia um calendário para esses pagamentos, o que permitia ao governo executar os repasses durante negociações para votações de projetos de seu interesse.
O Congresso, então, enfraquece um instrumento de pressão do Executivo. Randolfe afirmou que o dispositivo fere a separação dos Três Poderes e destacou que “nós estamos em um regime presidencialista”.
A terceira ressalva recai sobre a introdução das emendas de comissão, que não são obrigatórias, no calendário. A medida, segundo Randolfe, deve ter impacto de mais 12 bilhões de reais no Orçamento.
“Pedimos à presidente da CMO que não submetesse o texto à leitura na sessão de hoje e fomos prontamente atendidos. Temos um tempo até amanhã para discutir”, afirmou o senador.
Segundo o líder, a expectativa é que a votação da LDO seja concluída antes do Natal.
Randolfe informou, ainda, que os técnicos do governo analisam a possibilidade de consultar o Tribunal de Contas da União sobre o dispositivo que limita o contingenciamento de despesas.
O governo solicitou ao relator a inclusão de um dispositivo que impedisse um contingenciamento superior a 23 bilhões de reais para atingir o déficit zero no ano que vem.
Danilo Forte rejeitou o texto proposto pelo governo, mas adicionou outro trecho que, para Randolfe, contemplou a solicitação. Técnicos da Câmara, no entanto, sustentaram no fim do mês passado que o contingenciamento pode chegar a 56 bilhões de reais.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Congresso votará MP prioritária de Haddad nem que seja no Natal, cantando Jingle Bells, diz Randolfe
Por Victor Ohana
Relator da LDO anuncia cronograma para liberação de emendas e reduz margem de manobra do governo
Por Victor Ohana