Justiça
PGR defende investigação da PF sobre R$ 17 milhões doados em Pix para Bolsonaro
Decisão sobre o futuro do inquérito sobre a vaquinha para o ex-capitão está nas mãos de Alexandre de Moraes


A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu, em manifestação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal, que as doações por Pix para Jair Bolsonaro sejam investigadas pela Polícia Federal. A posição foi encaminhada nesta quarta-feira 18 ao tribunal.
Ao todo, Bolsonaro recebeu 17 milhões de reais em uma vaquinha montada por seus apoiadores. Há a suspeita de que os valores tenham relações com o financiamento das milícias digitais e outros atos antidemocráticos. A movimentação foi classificada pelo Coaf como atípica.
O pedido de investigação que está no STF partiu dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (PT-ES) e Jorge Kajuru (PSB-GO). A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também é autora do pedido, que sustenta que Bolsonaro cometeu crimes contra a economia popular e estelionato.
A posição da PGR é que o pedido de investigação estaria ‘no lugar errado’. Segundo o órgão, não há razão para o STF abrir novo inquérito sobre as doações. A sugestão, reforça, é que o caso cabe à Polícia Federal. A decisão agora é do ministro Alexandre de Moraes.
“Mostra-se relevante o encaminhamento da representação à Polícia Federal para apurar se as informações prestadas nesta representação efetivamente possuem conexão com o objeto destes autos [milícias digitais]. Em especial se as transações atípicas, noticiadas pelo Coaf à mencionada CPMI, foram realizadas por doadores envolvidos na organização criminosa investigada nestes autos”, diz um trecho do documento assinado pela PGR.
Há, na posição da procuradoria, uma crítica ao ‘caráter midiático’ de um pedido direto ao STF. Eles sustentam que as solicitações devem passar antes pelo Ministério Público.
Sobre o pedido de investigação à PF, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro insistiu na afirmação de que as doações de apoiadores são lícitas. No comunicado, critica o que chamou de ‘vazamento seletivo’ das informações pessoais do ex-capitão e prometeu tomar “as providências criminais cabíveis para apuração da autoria da divulgação de tais informações”.
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