Política
Relatora diz que CPMI estuda pedir acareação entre Bolsonaro e Mauro Cid
Eliziane Gama (PSD-MA) afirmou que divulgará atualizações nos próximos dias; base do governo tem cautela para convocação de Bolsonaro


A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) afirmou que a CPMI do 8 de Janeiro está “estudando” a possibilidade de solicitar uma acareação entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência da República.
A declaração foi concedida nesta quinta-feira 14, em coletiva de imprensa. Na ocasião, ela defendeu também acareações entre o general Gustavo Dutra e o coronel Jorge Eduardo Naime e entre a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti.
Questionada sobre a possibilidade de acareação de Bolsonaro e Cid, Eliziane respondeu que ainda é necessário construir acordos com a Mesa, a base do governo e a oposição.
“Estamos estudando, e eu vou dar essa definição mais clara ao longo dos próximos dias”, afirmou.
A acareação é um procedimento que consiste no confronto entre duas partes de um processo que haviam prestado informações prévias divergentes sobre o caso investigado.
Nos bastidores, a possibilidade de acareação entre Bolsonaro e Cid é vista como um “gran finale” para a CPMI, ou seja, uma forma de encerrar os trabalhos com um evento de grande relevância.
Na base do governo, a alternativa da acareação é descrita como mais vantajosa que a convocação de Bolsonaro, porque há uma cautela para não dar “palco” ao ex-presidente e acabar contribuindo para a sua versão.
Segundo interlocutores, os parlamentares governistas avaliam, ainda, a possibilidade de que Bolsonaro nem seja chamado à CPMI, para não gerar um evento favorável ao ex-presidente.
A avaliação até o momento é que a base precisa aguardar desdobramentos da delação premiada de Cid.
O ex-ajudante prestou um longo depoimento à Polícia Federal no fim de agosto, o que levantou suspeitas de que teria delatado Bolsonaro. Embora a defesa do militar tenha dito que ele livrou Bolsonaro de acusações, a base do governo vê indícios de que o Supremo Tribunal Federal identificou informações importantes, uma vez que o ministro Alexandre de Moraes homologou o acordo de delação premiada entre a PF e Cid.
O conteúdo do depoimento de Cid está sob sigilo. O tenente-coronel ainda pode ter de prestar novos esclarecimentos aos investigadores. Ele está sob liberdade provisória, por decisão de Moraes.
Outro foco dos governistas é extrair o máximo possível de informações contra Bolsonaro por meio dos relatórios de inteligência financeira e das quebras de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático.
A possibilidade de uma delação premiada de Cid à CPMI ainda não avançou. Após a Advocacia do Senado dar o aval para a realização do procedimento, líderes da comissão teriam obtido, também, a anuência de Moraes. Eles aguardam, agora, que os advogados de investigados manifestem interesse.
Em relação aos próximos depoimentos, há uma expectativa para que outro militar do entorno de Bolsonaro seja chamado à CPMI, possivelmente o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira.
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