Política

Após depoimento de hacker, parlamentares querem ex-ministro da Defesa na CPMI

Delgatti Neto disse que, por orientação de Bolsonaro, fez cinco visitas à Defesa para articular um plano sobre urna eletrônica

Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa do governo de Jair Bolsonaro. Foto: Ministério da Defesa
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A partir do depoimento do hacker Walter Delgatti Neto, membros da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os ataques golpistas do 8 de Janeiro requerem a convocação do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, que se manteve no cargo durante o último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Ouvi pela CPMI nesta quinta-feira 17, Delgatti declarou ter feito cinco visitas ao Ministério da Defesa, por orientação de Bolsonaro. A primeira ida à pasta teria ocorrido em 10 de agosto.

Segundo o hacker, Bolsonaro lhe encaminhou ao Ministério da Defesa para planejar um vídeo que forjaria uma fraude numa urna eletrônica, com o objetivo de minar a credibilidade do sistema eleitoral.

A expectativa é de que a CPMI aprecie requerimentos em sessão na semana que vem.

A convocação de Nogueira é requerida por pelo menos dois deputados: Duarte Júnior (PSB-MA) e Rogério Correia (PT-MG). Além disso, Duarte Júnior e o deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) solicitam imagens das câmeras do Ministério da Defesa nas datas das visitas do hacker.

Duarte Júnior também pede a convocação de Duda Lima, marqueteiro do PL, que teria proposto ao hacker o plano da gravação do vídeo que simularia uma fraude numa urna eletrônica. O requerimento foi solicitado pelo deputado após o marqueteiro do PL negar a veracidade do relato em nota.

Pereira Júnior quer acareações de Delgatti com a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e com Bolsonaro. A modalidade da convocação confronta os depoimentos acerca de relatos considerados incongruentes.

O coronel Marcelo Gonçalves de Jesus também virou alvo de um requerimento de Rogério Correia, que pede a sua convocação. O militar teria intermediado as relações entre o hacker e o Alto Comando do Exército.

Para a relatora Eliziane Gama (PSD-MA), também é necessário quebrar o sigilo telemático do coronel.

Parlamentares avaliam que os requerimentos que miram o próprio Bolsonaro ganham força na comissão, diante das reações consternadas do presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), com o depoimento.

Conforme a própria relatora, já há fortes condições para indiciar Bolsonaro.

Segundo uma das avaliações ouvidas pela reportagem, o depoimento de Delgatti representa um “divisor de águas” na CPMI, por ter oferecido as melhores condições para ligar Bolsonaro aos atos golpistas.

Isso porque o ex-presidente aparece com envolvimento pessoal no planejamento de um esquema que teria como objetivo estimular a desconfiança sobre a lisura das eleições, com o objetivo de se manter no poder.

Como a CPMI apura não somente os os ataques de 8 de janeiro, como também os atos antidemocráticos que lhe antecederam, os acontecimentos reportados por Delgatti abrem caminho para a linha de investigação sobre a autoria intelectual de Bolsonaro.

Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro classificou o depoimento de Delgatti Neto como “fantasia”.

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