Política

Lira exige presença de deputados em semana de discussões sobre projetos do governo

Presidente determinou registro presencial em sessão na segunda; Desenrola e taxações de apostas esportivas são destaques

Lira exige presença de deputados em semana de discussões sobre projetos do governo
Lira exige presença de deputados em semana de discussões sobre projetos do governo
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), publicou um ato no boletim administrativo de 1º de setembro “para exigir registro de presença de forma presencial nas sessões e reuniões deliberativas convocadas para o dia 4 de setembro de 2023”. A data cai nesta segunda-feira.

A iniciativa não é comum. Em geral, os deputados realizam sessões semipresenciais nas segundas-feiras e comparecem na Câmara entre as terças e quintas-feiras.

Em uma semana legislativa que deve contar com apenas três dias, por conta do feriado do Dia da Independência, em 7 de setembro, líderes da Câmara têm a expectativa de avançar em projetos que tratam do programa de renegociação de dívidas Desenrola Brasil e da taxação das apostas esportivas.

As duas iniciativas entraram em vigor por meio de Medidas Provisórias, espécies de decretos que têm validade de três meses e precisam de votação do Congresso Nacional para terem vigência permanente.

No entanto, o governo preferiu enviar essas propostas por meio de projetos de lei, que têm tramitação diferente e, na prática, dão mais poderes à Câmara para fazer alterações.

A expectativa da bancada petista é de que a Câmara vote nesta semana o pedido de aprovação do regime de urgência para a tramitação do Desenrola, segundo o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PT-PR).

A análise do mérito ainda é incerta. O principal debate sobre o texto trata do dispositivo que reduz os juros do cartão de crédito, que já ultrapassaram o patamar dos 400% ao ano.

Relator do texto, o deputado Alencar Santana (PT-SP) inseriu um trecho que determina que as instituições financeiras apresentem em noventa dias um plano de redução desse percentual. Caso o setor não apresente uma proposta dentro do prazo, os juros deverão ser reduzidos para 100% em definitivo.

Para o parlamentar, a atual taxa de juros do cartão é “um absurdo” e representa uma das principais razões para o endividamento. Segundo estimativa do governo, o Brasil tem 71,4 milhões de inadimplentes. As dívidas têm valor médio de 4,9 mil reais e totalizam o montante de 100 bilhões de reais.

Contudo, conforme mostrou CartaCapital, os bancos têm mostrado desagrado com as novas regras e pressionado os parlamentares contra o texto. Quadros do “Superbloco”, maior coalizão da Câmara, tratam o dispositivo com cautela e considerado dificuldades na aprovação.

Já a regulação das apostas esportivas foi enviada à Câmara por meio do PL 3.626/2023. O relator do texto é o deputado Adolfo Viana (PSDB-BA), que ainda não apresentou o seu parecer.

Na semana retrasada, Lira demonstrou tratar o projeto com prioridade para a semana passada. No entanto, as discussões que tomaram conta do Congresso recaíram sobre a desoneração da folha de pagamentos. A ideia é que as discussões avancem nos próximos dias.

Na proposta inicial, o governo aplicaria uma taxa de 18% às empresas sobre a receita obtida com todas as apostas realizadas, já subtraídos os prêmios pagos aos jogadores e os impostos incidentes às pessoas jurídicas. O Ministério da Fazenda, a arrecadação de no mínimo 2 bilhões de reais no ano que vem com a medida.

A iniciativa vem na esteira da tentativa do governo de obter 168 bilhões de reais em receitas para zerar o déficit em 2024. Na última semana, o ministro Fernando Haddad apresentou metas de arrecadação para o orçamento do ano que vem, com base nessas medidas.

Em troca das aprovações de projetos de interesse do governo, Lira tem reivindicado a apreciação de uma bandeira do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a reforma administrativa, que reorganizaria o funcionamento do serviço público. O plano é rechaçado por movimentos sociais.

Na última semana, o presidente da Câmara disse que o governo precisa entrar nas articulações pela reforma administrativa “por bem ou por mal”. Em coletiva, Haddad disse estar disposto a discutir o tema.

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