Política
Dino nega ‘direcionamento’ do governo em ação da PF que mirou aliados de Lira
O ministro da Justiça reforçou ter tomado conhecimento da operação apenas quando o cumprimento dos mandados já estava ’em curso’


O ministro da Justiça, Flávio Dino, negou nesta terça-feira 6 ter orientado a ação deflagrada na semana passada pela Polícia Federal contra aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A operação da PF mirava uma organização criminosa suspeita de fraudar licitações para a compra de kits de robótica e praticar lavagem de dinheiro em Alagoas. A corporação cumpriu 27 mandados de busca e apreensão.
“Não há nenhuma orientação de perseguição. Também não há, evidentemente, nenhuma imunidade apriorística a quem quer que seja”, disse Dino à GloboNews. “Jamais houve e jamais haverá qualquer tipo de direcionamento quanto ao mérito de investigações.”
Ele reforçou, ainda, ter tomado conhecimento da operação apenas quando o cumprimento dos mandados já estava “em curso”.
Uma reportagem publicada nesta terça pelo jornal O Estado de S. Paulo aponta que Lira indicou 32,9 milhões de reais do orçamento secreto para a compra de kits de robótica em cidades alagoanas. Segundo o veículo, o Executivo liberou 29,7 milhões de reais do total solicitado.
Na segunda 5, Lira determinou a exoneração de Luciano Ferreira Cavalcante do cargo de secretário particular, função exercida no gabinete da liderança do PP na Câmara. No domingo, um vídeo mostrou o motorista de Luciano se encontrando com Pedro Salomão, um dos acusados pelo esquema em Alagoas, em um estacionamento em Brasília (DF). A polícia investiga o caso no âmbito das suspeitas de desvios para a aquisição de kits de robótica.
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