Política
Deputado bolsonarista vai à PGR para proibir linguagem neutra em veículos do governo
Para o deputado José Medeiros (PL-MT), o recurso agride a Língua Portuguesa e os direitos da família


O deputado federal bolsonarista José Medeiros (PL-MT) acionou a Procuradoria-Geral da República contra a utilização da linguagem neutra em canais oficiais do governo federal, após o recurso aparecer em uma publicação da Agência Brasil, veículo de comunicação ligado à Presidência da República.
Na representação, o parlamentar argumentou que a substituição dos artigos definidos “o” e “a” seria uma agressão à Língua Portuguesa, “fundamental para formação da família e desenvolvimento das crianças e adolescentes em bases biológicas e não ideologizadas”.
A reportagem à qual o bolsonarista se refere, veiculada na segunda-feira 24, tratava sobre um encontro entre lideranças LGBT+ eleitas em 2022, entre eles as deputadas Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG).
No título da publicação, a Agência Brasil se referiu ao grupo como “parlamentares eleites”. De acordo com o veículo, a troca foi solicitada pela deputada estadual intersexo Carolina Iara (PSOL-SP).
O uso da linguagem neutra é uma bandeira de pessoas agênero, que não se identificam com qualquer gênero, e não binárias, que não se identificam apenas com o gênero masculino ou o feminino.
A linguagem neutra, vale dizer, virou alvo de bolsonaristas nos últimos anos. Cerca de 58 projetos de lei, apresentados nas Assembleias Legislativas de 20 estados brasileiros desde 2019, tinham como proposta o veto à utilização do mecanismo, segundo levantamento do jornal O Globo.
Do total, apenas um foi aprovado, em Rondônia. De autoria do deputado Sargento Eyder Brasil (PL), a legislação teve os efeitos suspensos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, que a considerou incompatível com a ordem democrática e os valores humanos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Bolsa Família: Confira o calendário de pagamento da sexta parcela do mês
Por André Lucena
Caso Henry Borel: STF rejeita novo pedido de liberdade a Jairinho
Por CartaCapital