Política
Partido de Bolsonaro alega não ter usado verba pública em documento com insinuações contra urnas
Valdemar Costa Neto tenta retirar sua responsabilidade sobre a produção de um relatório duramente criticado pela Justiça Eleitoral


O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, enviou nesta sexta-feira 30 um ofício ao Tribunal Superior Eleitoral no qual tenta retirar sua responsabilidade sobre a produção de um relatório do partido com ilações sobre o sistema eletrônico de votação.
Na quinta 29, o corregedor-geral do TSE, Benedito Gonçalves, havia determinado que Costa Neto prestasse informações sobre o uso de verba pública para custear o parecer.
Segundo o presidente da sigla de Jair Bolsonaro, o documento intitulado Resultado da auditoria de conformidade do PL no TSE “é de responsabilidade da equipe técnica contratada, cujos termos devem ser avaliados dentro de tal contexto e sob a responsabilidade de seus subscritores”.
Costa Neto também afirmou que o pagamento ao Instituto Voto Legal, responsável pela produção do parecer, se deu com recursos próprios do PL, “não sendo tal despesa custeada com recursos públicos de nenhuma natureza (Fundo Partidário e/ou Fundo Especial de Financiamento de Campanha)”.
O PL alegou no informe supostamente técnico, divulgado na quarta 28, que não havia “qualquer controle externo” sobre o código-fonte dos programas da urna eletrônica e dos sistemas eleitorais e que havia “um poder absoluto de manipular resultados da eleição”.
A legenda também argumentou que “a gestão de fornecedores da cadeia de tecnologias de informação e comunicação mostra-se precária” e que “o TSE não possui uma política de segurança da informação no relacionamento com fornecedores”.
Além disso, a sigla disse que “sem a assinatura eletrônica qualificada, com um certificado digital da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira, os documentos gerados pela urna eletrônica não têm a garantia de que o seu conteúdo é verdadeiro”.
Por fim, o PL declarou que “o TSE não respondeu aos inúmeros pedidos para agendar uma reunião para tratar do tema” e que “este fato tornou necessária a divulgação dos resultados da avaliação da equipe técnica do PL sobre os documentos públicos encontrados”
Ainda na quarta 28, o TSE disse, em nota, que “as conclusões são falsas e mentirosas, sem nenhum amparo na realidade” e reúnem “informações atentatórias ao Estado Democrático de Direito e ao Poder Judiciário, em especial à Justiça Eleitoral, em clara tentativa de embaraçar e tumultuar o curso natural do processo eleitoral”.
Na quinta 29, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, também determinou que o PL explique, em até 48 horas, a contratação do serviço.
A legenda terá de encaminhar o contrato firmado com a empresa responsável pelo parecer. Deverá, ainda, informar os gastos realizados com a contratação, além de enviar as notas fiscais e explicar de onde saiu o dinheiro utilizado. O despacho de Moraes se deu no âmbito do Inquérito das Fake News.
Na decisão, ele reforçou que o documento traz “notícias fraudulentas e atentatórias ao Estado Democrático de Direito e ao Poder Judiciário”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Atlas: Lula tem mais de 50% dos votos válidos e pode vencer no 1º turno
Por CartaCapital
Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro, tem carro depredado e casa pichada em Brasília
Por CartaCapital
Lula teme transição tumultuada em caso de vitória contra Bolsonaro
Por AFP
Lewandowski diz que Bolsonaro tenta tumultuar a eleição e nega pedido contra Moraes
Por CartaCapital