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Biden toma medidas para proteger direito ao aborto e se defender de críticas

Sete estados conservadores já proibiram o acesso à interrupção voluntária da gravidez e é provável que outros sigam esse caminho

Biden toma medidas para proteger direito ao aborto e se defender de críticas
Biden toma medidas para proteger direito ao aborto e se defender de críticas
Manifestante em Washington reforça que aborto é questão de saúde pública. Foto: Jose Luis Magana/AFP
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Será um decreto suficiente para sufocar as críticas? Diante de vozes que consideram que sua resposta para proteger o acesso ao aborto nos Estados Unidos deixa a desejar, Joe Biden toma a iniciativa lançando medidas nesta sexta-feira 8, embora o alcance seja limitado.

Segundo um comunicado da Casa Branca, o presidente assinará uma ordem executiva que incluirá uma série de medidas em resposta à recente decisão da Suprema Corte de revogar o direito ao aborto, em vigor nos Estados Unidos desde 1973, deixando nas mãos dos estados a deliberação sobre o assunto.

Sete estados conservadores já proibiram o acesso à interrupção voluntária da gravidez e é provável que muitos outros sigam seus passos.

Para muitos democratas, Biden e seus assessores não estão à altura desta virada histórica da mais alta corte, que se tornou muito conservadora.

Desconcertado

No dia em que a Suprema Corte tornou pública a decisão, depois de um rascunho vazar para a imprensa, o governo americano parecia desnorteado.

O primeiro comunicado do presidente chegou tarde, sendo divulgado inclusive depois da reação de vários chefes de Estado estrangeiros.

Enquanto centenas de jornalistas e advogados aguardavam o site da mais alta corte americana, a assessora de imprensa deste dossiê na Casa Branca havia ido, segundo a CNN, tomar um café.

Joe Biden deu um breve discurso, com palavras contundentes, para denunciar um “erro histórico” da corte.

Revelou as primeiras iniciativas sobre o acesso a pílulas abortivas e o direito das mulheres de viajar para outros estados caso desejem abortar.

Mas foi impossível saber mais. E sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, cancelou, sem explicação, a coletiva de imprensa diária.

A partida de Biden para uma viagem pela Europa deixou insatisfeitas ativistas e autoridades que esperavam por decisões dramáticas ou, pelo menos, uma resposta agressiva.

Vigilância digital

O democrata de 79 anos tentará dar essa resposta nesta sexta, quando deverá fazer um discurso para detalhar o decreto que busca, entre outras coisas, “proteger informações confidenciais de saúde” e “combater a vigilância digital”.

Muitos ativistas alertam para o perigo dos dados online e de geolocalização, até em aplicativos para monitorar ciclos menstruais, que podem ser usados para processar mulheres que abortarem.

O texto também planeja proteger clínicas móveis que realizam abortos fora dos estados que o proibiram.

A Casa Branca ainda quer garantir o acesso aos métodos contraceptivos, principalmente à pílula do dia seguinte e ao dispositivo intrauterino.

O governo americano se propõe também a organizar uma rede de advogados voluntários para auxiliar as mulheres na frente legal.

Mas esses anúncios têm um alcance limitado. O presidente tem pouca margem de manobra contra a Suprema Corte e estados hostis quando lhe falta uma maioria parlamentar sólida.

Joe Biden, portanto, pede a seus compatriotas que votem massivamente nos democratas nas eleições legislativas de meio de mandato em novembro.

Seu objetivo: conseguir um amplo controle do Congresso para aprovar uma lei federal sobre o direito ao aborto, que anularia as decisões dos estados.

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