Política

Ministro da Defesa diz ao TSE que as Forças Armadas não se sentem ‘prestigiadas’

O general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira reclamou do tratamento dado às sugestões de militares sobre as eleições

Ministro da Defesa diz ao TSE que as Forças Armadas não se sentem ‘prestigiadas’
Ministro da Defesa diz ao TSE que as Forças Armadas não se sentem ‘prestigiadas’
O ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Foto: Alan Santos/PR
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O ministro da Defesa, o general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, mandou nesta sexta-feira 10 um ofício ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, no qual questiona o tratamento de sugestões apresentadas pelos militares sobre o processo eleitoral.

No documento, o militar diz que as Forças Armadas encaminharam sete propostas à Comissão de Transparências das Eleições, criada pelo TSE. Reclama, porém, que “ainda não foi possível concretizar a discussão técnica”.

O ministro bolsonarista escreve que “as divergências que ainda persistam podem ser dirimidas com a pretendida discussão entre as equipes técnicas” e acrescenta que, em sua avaliação, “não basta a participação de ‘observadores visuais’, nacionais e estrangeiros, do processo eleitoral”.

“Cabe destacar que uma premissa fundamental é que secreto é o exercício do voto, não a sua apuração”, diz outro trecho, alinhado com repetidas insinuações do presidente Jair Bolsonaro.

“Até o momento, reitero, as Forças Armadas não se sentem devidamente prestigiadas por atenderem ao honroso convite do TSE para integrar a CTE.”

Oliveira ainda alega que as Forças Armadas desejam “aperfeiçoar a segurança e a transparência do processo eleitoral” e encerra o texto com uma afirmação em tom de alerta: “A todos nós não interessa concluir o pleito eleitoral sob a sombra da desconfiança dos eleitores. Eleições transparentes são questões de soberania nacional e de respeito aos eleitores”.

A mensagem chega ao TSE em meio a uma nova ofensiva de Bolsonaro contra o sistema eleitoral. Na última terça-feira 7, em um evento no Palácio do Planalto, o ex-capitão tornou a atacar as urnas eletrônicas e o TSE e declarou ser “o chefe das Forças Armadas”. Afirmou também que os militares “não serão feitos de idiota” no processo eleitoral.

Em fevereiro, o TSE informou ter enviado às Forças Armadas um documento de cerca de 700 páginas com respostas sobre o sistema de votação.

Resposta do TSE

O Tribunal Superior Eleitoral divulgou uma nota sobre o ofício encaminhado pelo ministro Paulo Sergio Nogueira de Oliveira.

A Corte respondeu que “analisará todo o conteúdo remetido, realçando desde logo que todas as contribuições sempre são bem-vindas e que preza pelo diálogo institucional que prestigie os valores republicanos e a legalidade constitucional”.

Também voltou a defender as urnas eletrônicas, cuja geração atual “possui características de segurança superiores ao estabelecido pelo Manual de Condutas Técnicas definido pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação”.

“Além disso, relembre-se que, a qualquer tempo, é permitido aos partidos políticos fiscalizar todas as fases do processo de votação e apuração das eleições, bem como o processamento eletrônico da totalização dos resultados, conforme previsto pela Lei nº 9.504/1997, conhecida como Lei das Eleições.”

O TSE ainda disse trabalhar “de forma incessante para garantir eleições limpas, justas e seguras, em que o desejo da população, expresso por meio do voto, seja respeitado e cumprido dentro do Estado Democrático de Direito”.

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