Justiça

‘Não vou endossar comportamentos que incitam atos de violência’, diz André Mendonça

O deputado de extrema-direita foi condenado pelo STF por 10 votos a 1; o voto de Mendonça não foi bem recebido por deputados bolsonaristas

‘Não vou endossar comportamentos que incitam atos de violência’, diz André Mendonça
‘Não vou endossar comportamentos que incitam atos de violência’, diz André Mendonça
O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Nelson Jr./SCO/STF
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Após votar pela condenação parcial do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), o ministro do Supremo Tribunal Federal André Mendonça se justificou em seu perfil no Twitter na manhã desta quinta-feira 21. Silveira foi condenado a oito anos e nove meses de prisão em regime fechado por estimular atos antidemocráticos e ameaçar instituições, entre elas o próprio Supremo.

O magistrado disse que “como cristão, não creio tenha sido chamado para endossar comportamentos que incitam atos de violência contra pessoas determinadas”.

“Há formas e formas de se fazerem as coisas. E é preciso se separar o joio do trigo, sob pena de o trigo pagar pelo joio. Mesmo podendo não ser compreendido, tenho convicção de que fiz o correto”, completou Mendonça.

Daniel Silveira é acusado pela Procuradoria-geral da República de agressões verbais a ministros do STF em três ocasiões, de incitar o emprego de grave ameaça e violência para tentar impedir o livre exercício dos Poderes Legislativo e Judiciário e de estimular animosidades entre as Forças Armadas e a Corte.

Votaram pela condenação de Silveira os ministros Alexandre de Moraes (relator), Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Carmen Lúcia, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Luiz Fux.

André Mendonça se manifestou a favor da prisão de Silveira por dois anos e quatro meses em regime aberto e multa de 91 mil reais, pena inferior à sugerida pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes. Além disso, solicitou que o Supremo deixasse a Câmara dos Deputados deliberar sobre a cassação do mandato do parlamentar.

Também indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), Kassio Nunes Marques foi o único a votar pela absolvição de Daniel Silveira. Segundo o ministro, as declarações do deputado eram “ilações, conjecturas inverossímeis incapazes de intimidar” e que “jamais serão concretizadas”.

O voto de Mendonça irritou deputados bolsonaristas, principalmente os evangélicos, que atuaram em favor do ex-advogado-geral da União quando a sua indicação ao STF enfrentava resistências no Senado.

Fiadores do nome do jurista na Suprema Corte, o pastor Silas Malafaia e o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) foram às redes sociais se pronunciar sobre o voto de Mendonça. “Estou TERRIVELMENTE desapontado”, escreveu Feliciano, em referência à expectativa criada em torno do ministro de que ele seria “terrivelmente evangélico”. Malafaia, por sua vez, disse apenas que publicaria um vídeo comentando o voto de André Mendonça.

Deputada Federal pelo PL de São Paulo, Carla Zambelli publicou em seu perfil no Twitter que não esperava que “André Mendonça erraria tanto”. Sem citar nominalmente o ministro, o deputado federal Daniel Freitas também demostrou contrariedade ao voto. “Que vergonha. Que tristeza”, comentou.

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