MapBiomas: Desmatamento no Brasil cresceu 22,3% em 2022

O desmatamento no território brasileiro superou 2 milhões de hectares no ano passado. De acordo com o mais recente Relatório Anual de Desmatamento, produzido pelo MapBiomas e divulgado nesta segunda-feira 12, o desmatamento cresceu 22,3% em 2022, na comparação com o ano anterior.

O relatório, que é uma iniciativa do Observatório do Clima em parceria com universidades, ONGs e empresas de tecnologia, mostrou que, entre 2019 e 2022 – período correspondente a todo o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) -, foram registrados mais de 300 mil eventos de desmatamento no país. Cerca de 6,6 milhões de hectares foram destruídos em todo o território nacional no período, o que corresponde, a título de exemplo, a 144% de todo o estado do Rio de Janeiro.

O ano de 2022 teve o maior registro de área devastada desde 2019 (ano do primeiro relatório). Em todos os biomas, mais de 76,1 mil alertas de desmatamento foram registrados em um ano.

Apesar do desmatamento generalizado, a Amazônia e o Cerrado foram os biomas que concentraram o maior percentual de área desmatada em 2022: 90,1%. Apenas a Mata Atlântica não registrou aumento no desmatamento no ano passado, apesar dos números expressivos registrados no processo de destruição do bioma, segundo o Atlas da Mata Atlântica.

Confirmando o que pesquisas anteriores já apontavam, a agropecuária é a principal responsável direta pelo desmatamento no país. Segundo o relatório, a atividade respondeu por 95,7% de toda a área desmatada em 2022, totalizando 1,9 milhão de hectares. Embora importante para o desmatamento – bastando observar os seus efeitos, por exemplo, na Terra Indígena Yanomami, o garimpo foi responsável por desmatar 5.965 hectares.

De acordo com o relatório, o desmatamento não apenas cresceu, mas o seu ritmo vem se tornando mais acelerado. Os dados apontaram que foram desmatados 234,8 hectares por hora no país, em média, assim como 5.636 hectares por dia (aumento de 24,3% em relação a 2021).

O estudo do MapBiomas mostrou também que as terras indígenas e as comunidades remanescentes de quilombos continuam como os territórios mais preservados do país. Apenas 1,4% da área desmatada no Brasil está nessas terras. Além disso, praticamente todo o desmatamento no país (99%, segundo o estudo) decorre de atividades ilegais.