Sociedade

Trabalho infantil no Brasil cresceu quase 5% entre 2019 e 2022, diz IBGE

No ano passado, chegou a 1,9 milhão o número de crianças que estavam nessa situação de exploração

Realidade brasileira de trabalho infantil e precário deveria servir de alerta a toda medida de precarização de trabalhadores.
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Após a pandemia de Covid-19, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou um crescimento de 4,9% de trabalho infantil no País. Ao todo, cerca de 1,9 milhão de crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, estavam em situação de exploração no Brasil durante o ano de 2022.

Os dados estão contidos na nova edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta quarta-feira 20.

Do total de 1,9 milhão, 23,9% tinham entre 5 e 13 anos; 23,6% tinham entre 14 e 15 anos e 52,5% tinham 16 e 17 anos de idade. 

Em relação às horas trabalhadas, 40,6% dessas crianças e adolescentes realizavam jornada de até 14 horas semanais. Já a menor proporção, de 14,0%, era daqueles que trabalhavam de 25 a 39 horas semanais. Entre os adolescentes com 16 a 17 anos, 32,4% trabalhavam durante 40 horas ou mais por semana.

Em 2022, destas crianças, 756 mil exerciam atividades da Lista TIP, do governo federal, que elenca as piores formas de trabalho infantil no País. 

A lista inclui trabalho na construção civil, em matadouros, oficinas mecânicas, comércio ambulante em locais públicos, coleta de lixo, venda de bebidas alcoólicas. No geral, serviços que envolvem risco de acidentes ou são prejudiciais à saúde. A operação de tratores e máquinas agrícolas, processo produtivo de fumo, algodão e cana-de-açúcar e aplicação de agrotóxicos são outras das atividades que entram nessa lista. 

Essa realidade, registra o IBGE, predomina entre crianças pretas ou pardas. Em 2022, eles representavam 66,3% do grupo de 5 a 17 anos exposto a essa situação.  Entre os brancos, a taxa era de 33%.

O contingente é ainda maior entre os meninos. Em 2022, eles eram 65,1% da população nessa situação. As meninas estavam em 34,9%.

Rendimento desigual

O rendimento das crianças em situação de trabalho infantil registrado pela pesquisa foi de 639 reais para meninas e 757 reais para os meninos nessa situação.

Já o rendimento das crianças e adolescentes pretos ou pardos em trabalho infantil foi de 660 reais, equivalente a 80,8% do rendimento das crianças e adolescentes brancos, que conseguiam em média 817 reais.

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