Sociedade

Tornare a casa, cazzo

Pierluiggi Collina, da comissão de árbitros da Fifa, sabia das características de Marco Antonio Rodrígez, que apitou Itália X Uruguai. Por Wálter Fanganiello Maierovitch

O uruguaio Luis Suarez e o italiano Giorgio Chiellini após o ocorrido no último dia 24 de junho na Arena das Dunas, em Natal
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Todo mundo sabe que ninguém está obrigado a se autoacusar. É um princípio antigo: Nemo tenetur se detegere.

Com o passar do tempo, o supracitado princípio de silenciar virou garantia constitucional nos Estados democráticos. Foi até parar no cinema norte-americano e, nos filmes, colocado em boca de ator em papel de policial.

Assim sendo e ainda no mundo esportivo, jamais se poderia exigir uma confissão de Luis Suárez, atacante da seleção do Uruguai. Até porque, agrediu dolosamente e provocou lesão a deixar vestígios.

Além do silêncio, a mentira também é aceita acerca de imputações formais de  autoria de um ilícito criminal ou de uma infração a regulamento disciplinar esportivo, como o da Fifa. De se observar que apenas o falso testemunho é crime e Suárez era autor de fato reprovável e não uma testemunha. Testemunha, no caso, foi o capitão uruguaio Lugano, que mentiu.

Em resumo: Luis Suárez podia se calar ou mentir. Nada de estranho, fora o caradurismo da negativa..

Quanto às sanções disciplinares aplicadas (9 jogos e 4 meses) e à luz dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, foram bem individualizadas, até para efeito preventivo: servir de exemplo. Lógico, a ausência de um craque consagrado sempre tira o brilho de uma competição esportiva, quer nacional, quer internacional.

Mas Suárez, no caso da mordida,  perdeu a noção do razoável e, à luz dos Códigos Penais de nações civilizadas, perpetrou, dolosamente (intencionalmente) um crime esportivo de lesão corporal. Lógico, num processo criminal há sempre espaço para verificar, em incidente de insanidade, a capacidade de entendimento do imputado. Como disse José Trajano, da ESPM, o “Suárez é meio louquinho”.

Outra tragédia a não esquecer diz respeito à arbitragem do jogo Itália x Uruguai. Na conversa que tive com a minha caneta falante, a Concetta Rompi-coglioni, perguntei sobre  a não impugnação do Pierluigi Collina ao árbitro mexicano Marco Antonio Rodríguez, apelidado de “Drácula”. Isso porque o italiano Collina, ex-árbitro de futebol de carreira brilhante, é  o que “mais apita” na comissão de árbitros da Fifa e da Uefa. E Collina estava careca de saber que Marco Antonio Rodríguez é conhecido pelo protagonismo e por ser pródigo em distribuir cartões vermelhos no lugar de amarelos. Fora isso, se coloca mal, a ponto de não enxergar a mordida e desprezar um Suárez a conferir os dentes e as marcas de mordida no ombro de Chellini.

Pano rápido: Collina, torna a casa, cazzo. O Suárez já foi mandado embora.

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