Sociedade

Quem é Rodrigo Carvalheira, preso por suspeita de estupro e agressões contra mulheres em Pernambuco

O empresário e ex-presidente do PTB em Pernambuco foi detido na quinta-feira 11. Ao menos três mulheres denunciaram que foram vítimas de abuso sexual

Foto: Reprodução
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O empresário Rodrigo Dib Carvalheira, de 34 anos, foi preso preventivamente no Recife, em Pernambuco, na manhã desta quinta-feira 11, sob suspeita de ter cometido crimes contra mulheres, entre eles estupro e agressões. Dois casos teriam acontecido quando as vítimas ainda eram menores de idade. Os casos contra Carvalheira tramitam em segredo de Justiça, sob a investigação da Polícia Civil.

Rodrigo, formado em administração de empresas, tem histórico como organizador de grandes eventos no estado. No ano passado, porém, ele passou a investir também no ramo político. Em janeiro, por exemplo, tomou posse como secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico em São José da Coroa Grande, no litoral de Pernambuco. No site da prefeitura, no entanto, o empresário já não aparece mais como ocupante do cargo.

Também em 2023, Carvalheira assumiu o cargo de presidente estadual do PTB de Pernambuco. O partido, meses depois, deixou de existir ao fazer uma fusão com o Patriota, gerando o atual PRD. Carvalheira seguiu filiado à nova sigla, mas não como presidente.

Com a repercussão das denúncias desta quinta, o partido da direita pernambucana decidiu expulsar o empresário de seus quadros.

“Diante da gravidade das acusações, o PRD tomou a decisão imediata de expulsar Rodrigo Carvalheira de nosso quadro de filiados”, diz o comunicado da sigla.

Segundo a legenda, ele não teria qualquer cargo no partido, apenas a filiação automática, diante da fusão das legendas. 

Vítimas eram dopadas por Carvalheira

Carvalheira tem um longo histórico no ramo de eventos. Em outros anos, o empresário esteve à frente de eventos conhecidos em Recife, como Cafe de La Musique e Fica Comigo. Ele é dono, ainda, da Agência Buddha, focada na organização de festas e shows. Foi também dono de uma unidade da boate nova-iorquina Pink Elephant, que funcionou em Boa Viagem até 2015. 

As vítimas de Carvalheira seriam, justamente, deste círculo social.  Uma das denunciantes afirma ter sido dopada e estuprada por Carvalheira, em 2009, quando ela tinha 18 anos.

“Acordei numa cama e tinha muito sangue. […] Quando eu fui tomar banho, foi quando eu vi o quanto eu estava machucada […] ainda estava com sangue, com muita dor”, disse a mulher, que preferiu não se identificar, em entrevista à TV Globo.

De acordo com a mulher, ela estava em uma boate no Recife com os amigos quando foi abordada por Rodrigo, que perguntou se ela “queria ficar mais alegre para curtir a festa”.

“Ele me deu um comprimido, eu tomei. E aí continuou a festa e eu vi que eu estava ficando, tipo, muito louca, comecei a passar mal. […] Eu lembro que saí do banheiro e ele estava me esperando na porta […] Quando eu vi, ele ‘e aí, bateu?’, e eu [disse]: ‘Titela, eu estou passando meio mal, preciso ir para casa’, aí ele ‘não, fique tranquila, eu te levo’”, contou a mulher ao canal.

Segundo ela, restam poucas lembranças sobre a carona, mas a mulher entendeu ter sido estuprada.

“Fiquei muito mal, principalmente porque eu era virgem. Fui conversar com ele, fiz: ‘Titela, como tu fala isso para as pessoas, tipo, eu não lembro de nada, estava apagada’, aí ele disse que ‘sim, fiz e faria de novo’, falou, tipo, debochando”, declarou.

Além dela, duas mulheres denunciaram o mesmo crime contra o empresário. Os relatos dão conta de um intervalo de, pelo menos, dez anos de violência contra mulheres. 

O outro caso registrado aconteceu em 2011, quando a vítima tinha entre 16 e 17 anos. Em depoimento, ela disse que estava deixando uma festa no Recife quando o empresário ofereceu uma carona e ela aceitou, pois “conhecia e confiava nele”. No entanto, ele desviou o caminho e a levou até um motel, onde foi violentada. 

A terceira vítima disse que também era amiga de Rodrigo e procurou a polícia no ano passado para denunciar o abuso. De acordo com ela, o caso aconteceu no Carnaval de 2019, quando Rodrigo foi buscá-la em casa para uma festa. Na época, ela tinha 31 anos.

“Ele já estava com um copo de bebida na mão, enfiou um comprimido na minha boca, que eu não vi nem a cor nem nada. […] Eu já tinha bebido muito, estava muito vulnerável, sonolenta, enfim, e engoli o remédio. Na época, ele disse que era uma droga, disse que era um ecstasy. A partir daí, eu não tenho mais lembrança nenhuma, minha memória apagou completamente.”

De acordo com o relato, no dia seguinte, ela acordou na cama do quarto com o empresário em cima dela e, depois, encontrou várias manchas de sangue espalhadas pela casa.

Ela também contou que, após o empresário espalhar a história pelos ciclos sociais que ambos frequentavam, outras mulheres a procuraram para denunciar que passaram pela mesma coisa, entre abusos, tentativas e estupros consumados. 

Segundo ela, a maioria acontecia do mesmo modo: ele oferecia uma droga em comprimido ou se aproveitava da pessoa embriagada.

Outro lado

Nesta quinta-feira, ao chegar à delegacia, Rodrigo Carvalheira se declarou inocente. ​​”Tudo será apresentado. Sou inocente. São muito minhas amigas e eu acho incrível que esteja acontecendo isso”, disse a jornalistas. 

O caso é investigado pela delegada Larissa Souza, da 1ª Delegacia da Mulher.

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