Sociedade

Polícia prende suspeito de tentar matar liderança indígena no Pará

Líder indígena denunciava os abusos e conflitos de território promovidos por gigante do setor de produção de azeite de dendê

Foto: Reprodução
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A Polícia Civil do Pará prendeu, na noite de terça-feira 16, um homem suspeito de ser o autor do atentado contra o líder indígena Lúcio Tembé em Tomé-Açu, no interior do Pará. Juscelino Ramos Dias, conhecido como “Passarinho”, foi detido enquanto se preparava para fugir da cidade.

O cacique da Terra Indígena Turé-Mariquita foi emboscado na noite de sábado, quando dirigia em uma estrada que liga o município de Tomé-Açu à sua aldeia, momento em que o carro atolou. Ao sair para tentar resolver a situação, uma moto vermelha com dois homens encapuzados se aproximou e um deles efetuou disparos contra o rosto de Lúcio.

Lúcio está internado em estado grave desde domingo, quando foi socorrido e levado ao hospital Metropolitano de Urgência, próxima a Belém. O líder indígena agora trata uma inflamação no ferimento de bala para então poder realizar a cirurgia de retirada e a reconstrução do maxilar quebrado.

Na segunda-feira 15, o Ministério Público Federal do Pará havia convocado uma reunião de emergência com autoridades e lideranças de comunidades indígenas da região para denunciar a omissão das forças do Estado em proteger o território – a aldeia em Tomé-Açu é rodeada pela monocultura de dendê e já vivenciou outros ataques aos indígenas ali viventes.

A Polícia Civil trabalhava, até então, com a suspeita de roubo. No entanto, nenhum objetivo havia sido levado. Indígenas da comunidade de Lúcio denunciam a tentativa de assassinato pelo líder constantemente denunciar as invasões e práticas abusivas das empresas na região.

Empresa atuante na região já é investigada por caso semelhante

No dia 17 de abril, o Ministério Público do Pará havia solicitado a prisão do dono da Brasil Bio Fuels (BBF), Eduardo Schmmelpfeng, e do chefe de segurança da empresa, Walter Ferrari. Eles são acusados de terem torturado 11 indígenas da comunidade no Vale do Acará em 2021. Ambos respondem em liberdade.

Em nota, o grupo BBF nega a existência da situação e alega ser uma narrativa criada por dois ex-funcionários demitidos por condutas antiéticas e que buscam afetar a reputação da empresa. Ainda segundo a nota, ambos respondem judicialmente pelos atos praticados contra o BBF.

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