Sociedade

PF faz operação contra instituição religiosa suspeita de trabalho escravo e violência sexual

Vítimas eram atraídas por mensagens motivacionais divulgadas em rádio

Foto: Agência Brasil (Foto: Agência Brasil)
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A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira 16, uma operação contra uma instituição religiosa suspeita de envolvimento com trabalho escravo e violação sexual mediante fraude. O esquema funcionava no estado de São Paulo e era operado por um homem que não teve a identidade revelada.

O homem, segundo a investigação, atraía as vítimas usando um programa de rádio em que tratava de espiritualidade e divulgava mensagens motivacionais. Durante a transmissão, ele incentivava que as pessoas conhecessem a sua instituição pessoalmente, onde ele supostamente ministrava palestras sobre o tema.

“Depois disso, decorrem semanas de tratamento, treinamento, oportunidade em que as vítimas são progressivamente convencidas a contribuírem com a instituição e trabalharem voluntariamente ou em troca de módica quantia”, descreve a PF.

Os relatos mostram ainda que, com o passar do tempo, as vítimas são convencidas pelo homem – que se apresenta como ‘grão-mestre’ ou ‘escolhido do arcanjo Miguel’ – a morarem com ele no local. A alegação é sempre de que o custo de tratamento e treinamento será menor. A partir desse ponto, as pessoas passam a trabalhar exaustivamente e sem receber qualquer quantia ou alimentação adequada. “Elas acreditam estar trabalhando para uma missão divina”, destaca a investigação da PF.

Ainda segundo os relatos colhidos na investigação, aqueles que não cumprem as tarefas determinadas pelo criminoso são ameaçados e humilhados publicamente perante o grupo. O suposto ‘grão-mestre’ faz as ameaças em forma de maldições em nome de Deus e dos anjos.

“As vítimas temem sair do local ou entrar em contato com pessoas sem autorização do suspeito, por medo das consequências. Como dito por uma das vítimas, ela vivia em uma ‘prisão psicológica’”, explica a PF.

De acordo com as investigações, o homem ainda usou documentos e procurações assinados pelos integrantes da instituição para criar uma série de empresas e acumular dívidas. O esquema ainda envolve violações sexuais.

O investigado, segundo a corporação, poderá responder por crimes de reduzir alguém a condição análoga à escravidão, violação sexual mediante fraude e lavagem de dinheiro. A pena pode ultrapassar 14 anos de prisão.

A PF também informou ter cumprido um mandado de busca e apreensão na instituição, mas não esclareceu se o ‘líder religioso’ foi preso. O número de vítimas do esquema também não foi divulgado pela polícia. A operação foi batizada de Impostor e ocorreu em conjunto com o Ministério Público do Trabalho e com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego.

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