Política

No Mato Grosso do Sul, Lula propõe compra de terras para reparar indígenas Guarani e Kaiowá

Os indígenas ocupam uma área disputada por empresários que planejam construir um condomínio de luxo no local

Foto: Reprodução
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O presidente Lula (PT) anunciou, nesta sexta-feira 12, que pretende fechar uma parceria com o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB) para adquirir terras aos povos indígenas Guarani e Kaiowá. Hoje, os povos vivem acampados em Dourados (MS), lutando pela demarcação dos territórios.

“Quero fazer uma proposta. Vamos comprar em sociedade uma terra para salvar os guaranis que vivem em Dourados”, afirmou Lula, dirigindo-se ao governador. “Se achar as terras, pode me telefonar a hora que quiser, para que a gente recupere a dignidade do povo. O governo federal será parceiro na compra e no cuidado deles.” 

A declaração ocorreu durante a visita do presidente a um dos frigoríficos recém-habilitados do estado para exportação à China. 

“Vamos comprar essas fazendas, fazer o que tiver que fazer na Terra, para dar o direito à decência que eles perderam por falta de trato e respeito com eles”, completou. 

O caso citado por Lula, se trata do conflito entre os indígenas Guarani e Kaiowá pela demarcação de uma reserva, que se arrasta, pelo menos desde 2018. 

A área ocupada tem aproximadamente 2,4 mil hectares, mas por não ser regularizada, é alvo de cobiça de construtoras que pretendem fazer do local um condomínio de luxo. 

No ano passado, a ocupação do tekoha Yvu Verá sofreu episódios de violência, onde pistoleiros incendiaram mais de dez casas e deram vários disparos — sem registros de feridos.

Ao todo, são 13 mil indígenas que moram na região, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Agenda de Lula no MS

Em primeira visita ao Mato Grosso do Sul desde o início do terceiro mandato, o presidente visitou o frigorífico da JBS, um dos seis recém-habilitados para exportação à China

De forma simbólica, ele realizou o “primeiro envio” de carne brasileira para o parceiro asiático. 

“Vamos mostrar o povo de Mato Grosso do Sul batendo palmas para o embaixador chinês no dia em que estamos exportando o primeiro carregamento de carne desse frigorífico para China. Daqui alguns dias vai ter muitos chinês comendo a nossa carne”, declarou.

Além da parceria com o Estado, o presidente recebeu acenos do governador Riedel, que foi apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Muito obrigado pela sua presença, presidente, para nós é uma honra, sempre muito bem-vindo em nosso Estado”. 

A agenda de Lula pode representar uma maior aproximação ao agronegócio, diante da queda de popularidade nas pesquisas de opinião e também pela cooptação do setor pelo bolsonarismo. 

Estavam presentes no evento, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o governador Eduardo Riedel (PSDB), o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, o empresário José Batista Sobrinho, fundador da JBS, e seus filhos Joesley e Weslley Batista. 

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