Ministra teme disseminação de doenças em Roraima após saída de garimpeiros da Terra Yanomami

No último ano do governo de Jair Bolsonaro, o garimpo ilegal cresceu 54% na Terra Indígena

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

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A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, alertou nesta terça-feira 7 para o risco de disseminação de doenças em Boa Vista, capital de Roraima, com a saída dos garimpeiros da Terra Indígena Yanomami. A principal preocupação da pasta é que cidades próximas ao território sejam afetadas com malária, ISTs e outras enfermidades.

“Em Boa Vista, há uma preocupação para articular essas ações de saúde para evitar que as doenças sejam disseminadas de forma descontrolada para a população”, afirmou a ministra em entrevista à GloboNews. “O Ministério da Saúde está também trazendo essa situação para ser discutida no âmbito do Comitê de Operações Emergenciais, que inclui vários órgãos, incluindo MS, Funai, Sesai, Ministério da Justiça, Defesa e Direitos Humanos.”

Afetados pelo garimpo ilegal em suas terras há anos, os indígenas yanomamis têm sofrido com casos de desnutrição e doenças como malária e pneumonia, além da violência, incluindo episódios de agressões e assassinatos. A situação se agravou nos últimos quatro anos.

A crise humanitária na região tem sido alvo do governo federal. O Ministério da Saúde decretou estado de emergência no último dia 20, com o objetivo de combater a falta de assistência sanitária. O presidente Lula (PT) também criou um comitê para acompanhar a ação no território. De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, cerca de 570 crianças yanomamis morreram por contaminação por mercúrio, desnutrição e fome nos últimos quatro anos.

No último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), o garimpo ilegal cresceu 54% na Terra Indígena Yanomami. Os números constam de uma pesquisa realizada pelo Instituto Socioambiental em parceria com a Hutukara Associação Yanomami.

Quase 30 mil pessoas moram na TI Yanomami, região que possui pouco mais de 90 mil quilômetros quadrados. Apesar de o garimpo ilegal atingir a região como um todo, há áreas específicas em que a destruição é mais intensa.


Ao promover a devastação do território, a atividade é diretamente responsável, por exemplo, pela proliferação de doenças. Segundo o Sivep Malária, sistema de monitoramento do governo federal, entre 2020 e 2021 mais de 40 mil casos de malária foram registrados no território yanomami. Só em 2021, foram 21.883 casos, o maior registro desde 2003.

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