Política

‘Infelizmente, essas catástrofes acontecem’, diz Bolsonaro sobre chuvas no PE

Especialistas já mostraram que essa afirmação não se sustenta, já que, no Brasil, há instrumentos abundantes para impedir as tragédias

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) avaliou nesta segunda-feira 30 a situação dos municípios pernambucanos que foram assolados pelas fortes chuvas nos últimos dias e causaram mais de 80 mortes. Para ele, a situação é ‘uma catástrofe’ causada pelo tamanho continental do Brasil, assim como os demais episódios ocorridos no País nos últimos meses. A CartaCapital, especialistas já mostraram que essa afirmação não se sustenta, já que, no Brasil, há instrumentos abundantes para impedir as tragédias.

“Infelizmente essas catástrofes acontecem. É um País continental e tem seus problemas”, disse Bolsonaro após sobrevoar a região afetada pelas chuvas. “Obviamente triste, manifestamos os nossos votos de pesar aos familiares. Nosso objetivo maior é confortar os familiares e com meios materiais também para atender a população”, completou o ex-capitão.

Após a breve avaliação, Bolsonaro passou então a palavra aos ministros presentes, que listaram as ações do governo federal para mitigar os impactos das chuvas neste momento. O empréstimo de até um salário mínimo sem juros para beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC), bem como o acesso de municípios que decretarem calamidade pública aos recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional, foram as iniciativas mais enfatizadas. Ao todo, segundo a pasta, até 1 bilhão de reais será destinado para ‘respostas e reconstrução’ dos estragos causados pelas chuvas no Brasil. O valor abrange outras tragédias pelo País.

Além da ajuda financeira, segundo o governo federal, foram disponibilizadas ainda ajuda humanitária, como a instalação de abrigos provisórios e atuação de 500 militares e 100 policiais rodoviários federais para auxiliar nas operações de busca por sobreviventes.

Durante a coletiva de imprensa desta segunda-feira, Bolsonaro confirmou também que não convidou oficialmente o governador Paulo Câmara (PSB) para a visita do governo federal na região. Segundo alegou, no entanto, faltou ‘iniciativa’ por parte do executivo estadual para participar do evento.

“Acho que faltou iniciativa da parte dele também. Aqui ninguém está proibido de comparecer. Foi amplamente divulgado pela mídia a nossa presença aqui. Isso tudo aconteceu de sábado pra domingo, se o governador estava fazendo outra coisa, eu não sei. Talvez ele ache melhor não estar presente aqui, mas a gente não vai politizar essa questão”, disse Bolsonaro sobre o convite a Câmara.

Inicialmente, o ex-capitão ainda tentou manter um tom protocolar na resposta ao governador, mas, subiu o tom conforme foi se aprofundando no tema. Ao fim, alfinetou o executivo estadual ao afirmar que ‘a pandemia já acabou’ e que, portanto, ele já poderia ‘sair de casa’.

“Ele tem o candidato dele e eu respeito, mas no momento de crise você vai atrás para ajudar, não fica esperando ser chamado dentro de casa. É igual as Forças Armadas aqui, antes de falar, o comandante já tinha tomado providência. O governador no momento de crise, tem que esquecer essa questão política, arregaçar as mangas e vir trabalhar para o seu povo de fato e não fazer política em cima da desgraça de alguns”, disse Bolsonaro antes de subir ainda mais o tom.

“A pandemia já acabou, mas ele resolveu ficar em casa. Mas mesmo assim, se ele resolver ligar pra mim, eu atendo”, concluiu irritado.

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