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O desastre em Petrópolis é fruto de negligência e de incentivo a um desenvolvimento predatório

As cenas de moradores escavando com as próprias mãos as áreas atingidas desnudam o abandono a que estão submetidos desde sempre

As cenas de moradores escavando a lama desnudam o abandono estatal - Imagem: Carl de Souza/AFP
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Cento e oitenta e dois mortos, 89 desaparecidos. Uma semana após o temporal que arrasou Petrópolis, o Corpo de Bombeiros ainda utilizava drones e mobilizava equipes terrestres para fazer uma varredura nos rios da estância turística, na tentativa de localizar vítimas da tragédia, enquanto a população enterrava seus mortos ou procurava reaver pertences da lama. As cenas de moradores escavando com as próprias mãos as áreas atingidas por deslizamentos de terra, a despeito dos alertas de novas tempestades, desnudam o abandono a que estão submetidos desde sempre. Há exatos 11 anos, a cidade, planejada e fundada em 1843 para abrigar as férias de veraneio de Dom Pedro II e sua corte, havia sido uma das mais atingidas pelas torrentes que devastaram a Região Serrana do Rio de Janeiro, deixando o tenebroso saldo de 918 mortos no mais letal desastre natural do século XXI no País. Infelizmente, entre uma tragédia e outra, nada mudou.

Em 2011, as enxurradas e os desabamentos mataram 71 moradores em Petrópolis, menos da metade das vítimas já confirmadas na tragédia de 15 de fevereiro deste ano. Apesar dos diversos fundos e planos ambientais e urbanísticos criados pelas três esferas de governo após aquele episódio, e do longo tempo para cumprir as promessas feitas por políticos e empresários no calor do momento, a cidade continuou a ser vitimada pela ocupação desordenada de suas íngremes encostas, fruto da desigualdade de renda e de uma crise habitacional que extrapola os limites municipais. De acordo com o Plano Municipal de Redução de Risco, apresentado pela prefeitura em 2017, existem 234 áreas­ de risco alto ou muito alto em Petrópolis. Nelas estão localizadas cerca de 20 mil moradias e o estudo recomenda a remoção – jamais realizada – de 7 mil famílias.

OS CONDOMÍNIOS DE ALTO PADRÃO SE MULTIPLICAM NA REGIÃO. AOS TRABALHADORES, RESTAM AS PERIGOSAS ENCOSTAS

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