Sociedade

Henry Bugalho e Sabrina Fernandes: duas vozes contra a direita louca

Eles usam suas vozes para neutralizar a gritaria autoritária e virulenta do grupo que hoje é situação

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Olavo de Carvalho, Nando Moura, Diego Rox, Bernardo Kuster. Todos nomes que você provavelmente já ouviu falar, infelizmente. Personagens reconhecidos pelas polêmicas na internet, representantes no Youtube da extrema-direita.

Como para todo ponto há um contraponto, o campo progressista também tem seus representantes. Pessoas que usam suas vozes para neutralizar a gritaria autoritária e virulenta do grupo que hoje é situação. Henry Bugalho e Sabrina Fernandes são dois dos combatentes da direita louca. Ele, filósofo de 38 anos e com 200 mil inscritos no Youtube. Ela, socióloga de 30 anos e com 130 mil inscritos. As trajetórias e o perfil dos vídeos, no entanto, são bem diferentes.

Henry, que também é escritor, criou seu canal em 2015 com o objetivo de fundar uma comunidade literária. O curitibano só foi se aventurar no mundo da política quando, no final de 2017, viu o nome de Jair Bolsonaro como pré-candidato à Presidência da República. Sabrina, que comanda o Tese Onze, já escrevia artigos em blogs e textões no Facebook, mas se sentia frustrada pelo limite de alcance e pela bolha que estava presente. O irmão a incentivou a começar com os vídeos. Ela iniciou publicando no Facebook, mas pouco tempo depois percebeu que o Youtube era a plataforma mais adequada.

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Bugalho passou a bombar no período eleitoral. Foram 150 mil novos inscritos entre outubro de 2018 e março de 2019. Gravou um vídeo intitulado “As piores frases do Bolsonaro” que tinha, até o fechamento deste texto, mais de 26 milhões de visualizações no Facebook. Entre outros vídeos do youtuber estão comentários sobre os assuntos quentes da política brasileira e respostas a vídeos e depoimentos absurdos dos direitistas.

Sabrina tem outra linha. Quando criou o canal, em julho de 2017, usava o nome “À Esquerda”. Logo notou que precisava de algo menos genérico e mais preciso. A goiana comenta que no início sofria umo limitação por parte da pessoas da própria esquerda, que nem sempre se identificavam com as abordagens. Os vídeos da socióloga comumente partem de análises mais complexas. Entre os mais assistidos de seu canal, por exemplo, estão um especial gravado em inglês um dia após a eleição de Bolsonaro intitulado “O que está acontecendo no Brasil?”, uma resposta ao termo “socialista de iPhone” e uma explicação “de onde vem o seu antipetismo?”.

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“Eu não tenho medo em me afirmar feminista, marxista e revolucionária”, defende Fernandes

Dentro do movimento

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Bugalho afirma que, no início, queria ser moderador do debate de extremos. Ao longo da campanha eleitoral de 2018, não se posicionou a favor de ninguém. “Era contra o Bolsonaro. Queria algum candidato que não polarizasse o assunto”, admite. Ele, que sempre se considerou de centro-esquerda, foi atacado por todos os lados, desde a esquerda radical, que o enxergava como liberal, até a extrema-direita, que o enxerga como boneco da esquerda. O curitibano, então, decidiu tomar partido. “Neste momento no Brasil, não é possível ficar em cima do muro. Não tenho dúvida nenhuma de que sou de esquerda”, crava.

“A grande diferença entre nós e os canais de extrema-direita é que eles não são especialistas e/ou qualificados”, defende Henry. Para ajudar o movimento a crescer, ele disse se esforçar para recomendar outros canais dentro do seu e para ter uma linguagem mais neutra, que não fique refém do academicismo. 

A goiana diz que há quem ache que está em curso um processo de academização da coisas. Sabrina discorda e acha que para combater essa mentalidade, é necessário trazer a discussão acadêmica para o cotidiano das pessoas. “Há um oceano de distância entre a linguagem do canal e a linguagem do texto acadêmico”, defende. O tempo de seus vídeos, geralmente mais compridos que a média, também fazem parte dessa anti-fórmula a qual se propõe.

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