Sociedade

Garimpeiros atacam indígenas e agentes federais em operação no Pará

Agentes desencadearam operação contra garimpos em Jacareacanga, onde o povo Munduruku já era alvo de ataques

(Foto: Christian Braga/Greenpeace)
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Garimpeiros entraram em confronto com agentes federais nesta quarta-feira 26 em meio a uma operação para a retirada de invasores da Terra Indígena Munduruku, às margens do Rio Tapajós, no Pará.

Segundo o Ministério Público Federal, houve invasão e destruição da casa de uma liderança indígena que estava na aldeia Fazenda Tapajós, em Jacareacanga.

Em nota, o MPF informou que o grupo incendiou e destruiu várias casas da aldeia, incluindo a de Maria Leusa Kaba Munduruku e seus parentes. Segundo os indígenas que presenciaram o ataque, “o grupo seguiu viagem para atacar outras aldeias onde vivem lideranças contrárias ao garimpo”.

No conflito direto com agentes no mesmo município, os garimpeiros tentaram invadir a base montada pela corporação e incendiar carros que seriam utilizados na operação desta quarta. Houve confronto nas ruas da cidade e, segundo o G1, dez garimpeiros ficaram feridos. Eles foram encaminhados para o Hospital Municipal de Jacareacanga.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), escreveu em sua conta no Twitter que o comandante da Polícia Militar do estado se dirigiu à cidade a fim de “fazer a mediação com os órgãos federais para uma negociação pacífica e preservar a população”.

Pelas redes sociais, a coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara, prestou solidariedade ao povo Munduruku.

Desde a manhã desta quarta, a Polícia Federal executa a Operação Mundurukânia em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, o Ibama e a Força Nacional. Ao todo, foram empregados 134 servidores entre policiais e agentes de fiscalização, além de aeronaves e veículos, informaram as autoridades.

Os crimes investigados são os de associação criminosa, exploração ilegal de matéria-prima pertencente à União e delito contra o meio ambiente. Outros crimes podem ser descobertos ao longo da investigação.

Só em 2020, foram desmatadas nas terras Munduruku e Sai Cinza, no alto Tapajós, áreas equivalentes a mais de dois mil campos de futebol. A terra indígena Munduruku perdeu, segundo o INPE, 2.052 hectares de floresta para o garimpo ilegal. Ataques anteriores ao espaço de encontro das mulheres da etnia na cidade de Jacareacanga foram reportados por CartaCapital.

As operações fazem parte de uma série de medidas determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, em julho do ano passado, para promover o enfrentamento e o monitoramento da Covid-19 e evitar o contágio e a mortalidade entre a população indígena. Dentre as medidas solicitadas, estão a expulsão de invasores das terras indígenas, a instalação de barreiras sanitárias periódicas, a ampliação da assistência médica e social e a entrega de cestas de alimentos.

O ministro só chegou a deferir parcialmente a quarta versão do plano apresentado pelo governo federal no começo de 2021 por identificar incongruências nas propostas feitas anteriormente pela União.

*Com informações da Agência Brasil

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