Esporte

Entidades brasileiras denunciam Espanha e La Liga por racismo contra Vini Jr.

‘A situação atingiu um limite que afeta a humanidade como um todo’, diz um trecho do documento

O jogador Vinícius Júnior, durante partida do Real Madrid contra o Valencia. Foto: Reprodução
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O Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) e o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) apresentaram uma denúncia nesta segunda-feira 22 contra o governo da Espanha e a La Liga de futebol.

A ação foi protocolada no El Defensor del Pueblo de España — organismo similar à Defensoria Pública — após o atacante brasileiro, Vinicius Jr. ser hostilizado durante o jogo mais recente entre Real Madrid e Valencia. 

“Ao somar 9 denúncias no total nesta temporada com a ocorrida no dia 21, domingo, na partida entre Real Madrid e Valencia, as entidades entenderam que a situação atingiu um limite que afeta a humanidade como um todo“, diz a nota.

As organizações também citam uma “óbvia” omissão das autoridades espanholas e da organização do campeonato espanhol. 

“Estamos perante uma orquestração racista institucional/estrutural, fruto de condutas omissas articuladas pela entidade desportiva (LaLiga) e o Estado espanhol, que conduz a um contexto insuportável de violação dos direitos humanos, que afeta não só o atleta, mas toda a humanidade”, afirmam.

O presidente da La Liga, Javier Tebas, por exemplo, disparou críticas a Vini depois do desabafo publicado pelo jogador sobre o episódio.   

“Já que aqueles que deveriam não te explicam o que é que LaLiga pode fazer nos casos de racismo, tentamos nós explicar, mas você não se apresentou em nenhuma das datas acordadas que você mesmo solicitou. Antes de criticar e injuriar LaLiga, é necessário que você se informe adequadamente, Vini Jr”, disse Tebas, respondendo a publicação do atacante. 

Pouco depois, ele também rebateu a crítica: “Mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente da LaLiga aparece nas redes sociais para me atacar. Por mais que você fale e finja não ler, a imagem do seu campeonato está abalada”, escreveu. “Omitir-se só faz com que você se iguale à racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições. Hashtag não me comove”.

As organizações, que juntas unem mais de 300 entidades de direitos humanos no Brasil,  exigem a imediata instauração de processo administrativo para apurar e responsabilizar os atos de racismo e xenofobia sofridos por Vinicius Junior.

No momento, o Ministério Público espanhol tem um processo em andamento que investiga os detalhes do caso. 

Após as ofensivas do governo brasileiro por ação das autoridades da Espanha, o primeiro-ministro do País, Pedro Sánchez, repudiou os ataques e disse que a “tolerância é zero com o racismo no futebol”. No post, ele também republicou um comunicado do Conselho Superior de Esportes (CSD) da Espanha.

O Conselho afirmou que irá propor à Federação Espanhola de Futebol e à La Liga, a criação de uma campanha de conscientização com os capitães dos clubes e ações pontuais contra o racismo, xenofobia e discurso de ódio. 

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