Sociedade

Ator é espancado por homem no Rio de Janeiro; defesa denuncia homofobia

O jovem foi atingido por dezenas de socos na portaria do prédio onde morava o agressor; ambos chegaram juntos ao local

Victor Meyniel, ator espancado no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução
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O ator Victor Meyniel, de 26 anos, foi espancado no sábado 2, por volta das 8h30 da manhã, em Copacabana. Ao denunciar o crime à Polícia Civil do Rio de Janeiro, Meyniel relatou ter sido vítima de injúria por homofobia.

Meyniel foi agredido por Yuri de Moura Alexandre, de 28 anos, que foi preso.

Conforme descrito no registro de ocorrência, obtido por CartaCapital, o incidente ocorreu na porta do prédio onde mora o agressor, no bairro Siqueira Campos, zona sul carioca.

O advogado Ricardo Brajterman, que atua na defesa de Meyniel, diz que o ator havia conhecido Yuri na porta de uma boate no mesmo bairro, por volta das 5 da manhã.

Ainda conforme o BO, ambos foram juntos para a casa do agressor. Segundo a defesa, os dois trocavam beijos e conversavam, quando uma mulher que mora com o agressor teria surgido no local. Nesse momento, Yuri teria começado a “ficar violento” e a levar Meyniel para fora do apartamento, até a portaria.

A defesa diz que Meyniel não conhecia a mulher que chegou ao local.

Ao chegarem no hall do prédio, Meyniel teria questionado Yuri pela conduta, quando o agressor teria lhe ofendido com a expressão “seu viado” e passado a atacar a vítima.

A defesa atribuiu a agressão a homofobia porque, além da ofensa, Yuri teria se exaltado quando o ator disse na frente do porteiro que eles estavam se beijando.

“Eu perguntei para o próprio Victor: por que você acha que foi um crime motivado por homofobia? Ele virou: ‘foi homofobia, porque ele ficou maluco quando eu falei, na frente do porteiro: por que você está me enxotando, se a gente estava ficando, com beijos, com carinho?’ Aí ele olhou para o porteiro, o porteiro olhou para ele, e ele começou a bater“, relatou o advogado a CartaCapital.

Imagens de uma câmera de segurança do condomínio comprovam as agressões. A gravação exibe o momento em que o agressor desfere cerca de 40 socos no rosto da vítima, às 8h24 da manhã. Yuri soca Meyniel, que está no chão e não reage.

A imagem mostra ainda que o porteiro do prédio presenciou a cena e não interferiu. O funcionário também foi indiciado por ter omitido socorro à vítima.

O agressor, então, deixa a vítima no chão do hall. À Polícia, Yuri teria dito que foi para a academia do prédio. Enquanto isso, Meyniel permaneceu no chão.

Em seguida, o porteiro se levantou de sua cadeira, foi até a vítima, segurou-a pelo braço, retirou-a da área de passagem e colocou-a em um local mais afastado.

De acordo com Brajterman, o funcionário só teria agido para deixar o trânsito livre no local. Em nenhum momento, o porteiro aparece nas gravações oferecendo alguma outra assistência à vítima.

Segundo a defesa, momentos depois, Meyniel teria se levantado, saído sozinho do prédio e procurado um policial. Na sequência, foi conduzido até a delegacia.

O caso foi registrado na 12ª Delegacia de Polícia de Copacabana e está sendo conduzido pela delegada Débora Rodrigues. A mãe da vítima, Regina Meyniel, também esteve na delegacia.

De acordo com o registro de ocorrência, ao ser procurado pela Polícia posteriormente, Yuri alegou que “teria conhecido Victor em uma ‘baladinha’ e esse teria desrespeitado sua esposa, e por essa razão o agrediu”.

O documento também registra que Yuri se identificou à Polícia como médico e militar do Hospital Central da Aeronáutica, mas, ao chegar na delegacia, a corporação teria tomado conhecimento de que ele não era militar.

Após fazer o boletim de ocorrência, Meyniel também fez um exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal e sido submetido a um exame de tomografia da cabeça em uma clínica.

Brajterman diz que Meyniel relatou inchaços pelo rosto, sangramentos na boca e no nariz e dores de cabeça.

A defesa afirma que vê cometimento dos crimes de homofobia e lesão corporal. A prática de homofobia se tornou crime por decisão do Supremo Tribunal Federal em 2019. A partir da posição da Corte, os crimes de ódio contra a população LGBT+ são passíveis de punições imprescritíveis e inafiançáveis.

CartaCapital não localizou a defesa de Yuri. A Polícia ainda deve ouvir o depoimento da mulher que esteve presente no apartamento. O condomínio também deve ser notificado para fornecer, em cinco dias, as gravações das câmeras de todos os locais por onde os dois passaram.

Em nota, a Polícia Civil diz ter pedido a conversão do auto de prisão em flagrante para prisão preventiva.

“O homem foi conduzido por policiais militares para a 12ª DP (Copacabana) e autuado em flagrante pelos crimes de lesão corporal, injúria por preconceito e falsidade ideológica. A vítima foi ouvida, e os agentes analisaram imagens de câmeras de monitoramento para elucidar as circunstâncias dos fatos. O caso foi encaminhado para a Justiça, com pedido de conversão do auto de prisão em flagrante para prisão preventiva”, diz a manifestação da corporação.

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