Organizar uma manifestação, mobilizar uma comunidade ou até publicar uma reportagem de denúncia tem sido os principais motivos que levam a tentativas de assassinatos, homicídios ou tortura de comunicadores e defensores dos direitos humanos no Brasil. É o que mostra o relatório “Violações à Liberdade de Expressão – Relatório Anual 2014″, produzido pela ONG Artigo 19 em razão do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado neste domingo 3. Segundo o levantamento, no ano passado, aconteceram 55 casos graves de violações à liberdade de expressão no Brasil, número 15% maior do que em 2013.
O relatório foi feito com base em todos os casos de homicídios, tentativas de assassinato, ameaças de morte e de tortura ocorridos contra os dois grupos ligados à liberdade de expressão: comunicadores — jornalistas, radialistas e blogueiros — e defensores de direitos humanos — lideranças rurais, quilombolas, sindicalistas, integrantes de associações. Todos os casos documentados tinham relação com as atividades de liberdade de expressão que as vítimas exerciam.
Do total de 55 violações, 15 foram homicídios, 11 foram tentativas de assassinatos, 28 foram ameaças de morte e um deles, tortura. O número de mortes também foi superior ao registrado no ano anterior, quando houve 12 assassinatos. Parte das violações ocorreu contra o grupo classificado como “comunicadores”. Do total de 55 registros, 21 foram contra pessoas que veicularam informações ou denúncias. “A região Sudeste foi novamente a mais perigosa para o trabalho desses comunicadores, concentrando sete casos, o que corresponde a 1/3 do total. Em seguida ficou a região Nordeste, com cinco casos”, diz o relatório.
“Os dados mostram que mais defensores de direitos humanos foram vítimas de crimes contra a liberdade de expressão que comunicadores. Essa inversão da tendência dos anos anteriores, em que havia um número maior de comunicadores entre as vítimas, pode indicar uma intensificação da violência em conflitos típicos dos perfis de defensores, como conflitos por terra”, diz o texto.