Justiça

Assassinatos caem em 2023 e taxa atinge o menor índice desde 2007, mostra levantamento

Os dados são do Monitor da Violência, feito em parceria com Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o NEV-USP; apesar da melhora, o Brasil ainda é um dos recordistas mundiais em homicídios

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

Em 2023, houve uma queda de 4% no número de assassinatos no Brasil em comparação com o ano anterior. Os dados são do levantamento Monitor da Violência do G1, feito em parceria com Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o NEV-USP.

O índice de assassinatos por 100 mil habitantes caiu de 20,3 em 2022 para 19,4 em 2023, marcando a terceira redução consecutiva e alcançando o menor índice desde o início da série histórica em 2007. Há ainda, porém, mais unidades da federação com índices piores que a média brasileira do que melhores.

A redução das mortes violentas foi observada em 21 estados, com redução foi impulsionada por São Paulo, Pará e Bahia, que contribuíram com 53% da diminuição total. Outros cinco estados (Amapá, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Maranhão), tiveram uma alta.

O Rio de Janeiro foi o estado com o maior aumento absoluto, registrando 654 mortes a mais em 2023, um aumento de 7,4% em relação ao ano anterior, revertendo a tendência de queda dos anos anteriores.

Os maiores declínios percentuais ocorreram em Sergipe (22,6%), Tocantins (19,8%) e Rondônia (14,5%), embora esses estados permaneçam entre os mais violentos do país. São Paulo manteve o menor índice do país, com 6,7 mortes por 100 mil habitantes em 2023, representando um declínio de 7,1% em relação ao ano anterior.

O Ceará foi o único estado que registrou estabilidade nos índices.

A pesquisa contabiliza as vítimas de homicídio doloso, incluindo feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, mas não considera mortes por violência policial.

Apesar da melhora, o Brasil ainda tem uma das maiores taxas de homicídios do mundo, como evidenciado por um estudo da ONU que colocou o país em primeiro lugar em um  ranking de homicídios divulgado em 2023, mas com dados de 2021. Naquele ano, o Brasil amargou uma média de mais de 108 vítimas por dia.

Contrariando o senso comum, a presença policial não necessariamente reduz a violência. Tanto o Amapá quanto o Rio de Janeiro têm uma proporção de PMs por habitante maior do que a média nacional, mas ainda amargam as mais altas taxas de homicídio no país.

Isso sugere que a causa da violência é mais complexa do que a questão de efetivo policial, conforme detalha Bruno Paes Manso, pesquisador do NEV-USP.

“Muitas vezes, pode ser inversa: mais polícia, mais violência. O Amapá, por exemplo, estado que registra proporcionalmente o maior efetivo policial do Brasil (4,2 policiais militares para cada mil habitantes), lidera o ranking dos homicídios brasileiros (45,2 mortes por 100 mil). Santa Catarina fica no extremo oposto: tem o menor efetivo policial do Brasil (1,3 PMs por mil habitantes) e a segunda menor taxa nacional de homicídios (7,9 por 100 mil).”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo