Sociedade
A opinião de brasileiros sobre a descriminalização da maconha e do aborto, segundo pesquisa Datafolha
Instituto monitorou a visão de eleitores sobre temas que estão em discussão no Congresso e no Supremo Tribunal Federal
A nova rodada da pesquisa do instituto Datafolha, divulgada neste sábado 23, mostra que brasileiros ainda têm posições conservadores em temas como a descriminalização da maconha e do aborto.
Segundo o levantamento, 67% dos brasileiros são contra a descriminalização da maconha no País. 31% apontam posição favorável ao tema.
O resultado divulgado neste sábado sobre o tema representa um aumento no grupo contrário à descriminalização da droga.
Em setembro do ano passado, quando o instituto perguntou pela última vez sobre o tema, o percentual de brasileiros que apontavam posição contrária era de 61%. Outros 36% se diziam, naquela ocasião, favorável à medida.
A explicação para a mudança, aponta o instituto, está no crescimento da parcela de jovens que não vê com bons olhos a liberação da maconha no Brasil. A faixa de pessoas entre 16 e 24 que são contrárias à descriminalização cresceu de 46% para 55% desde setembro de 2023. A faixa seguinte, de 25 a 34 anos, o percentual também saltou, de 56% para 65%.
Aborto
Já o aborto foi visto como motivo de punição para 52% dos entrevistados. O grupo apontou que a mulher que interromper voluntariamente a gravidez deve ser processada e presa.
Segundo o instituto, nesse tema, houve avanço. Eram 58%, em 2018, os que apontavam a punição como solução diante da situação. Em anos anteriores, 2013 e 2016, o grupo chegou a somar 64%.
O apoio à descriminalização do aborto também cresceu na pesquisa deste sábado, chegando a 42%. Na pesquisa anterior que monitorou a pauta, de 2018, o grupo somava apenas 33%.
Movimento feminista pauta a necessidade de legalizar o aborto no Brasil há décadas; na foto: manifestação em frente ao STF em 2018 – Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag Brasil
Na pesquisa deste sábado, há sutis diferença na visão masculina e feminina sobre o tema. Entre as mulheres, 50% defendem processo e prisão para aquelas que fazem o procedimento. No grupo dos homens o percentual é de 54%.
Na outra ponta estão 44% de mulheres que apontam que quem faz um aborto não deveria ser encarcerado. Homens que concordam com a descriminalização são 41%.
De acordo com a atual legislação, o aborto é liberado apenas quando a gravidez colocar em risco a vida da gestante ou quando a gravidez for fruto de estupro. Casos de anencefalia fetal também permitem a interrupção da gravidez.
Para 42% dos brasileiros questionados pelo Datafolha na pesquisa divulgada neste sábado, a legislação deve continuar como está. Outros 35% dos entrevistados acreditam que a lei deveria mudar para proibir o aborto em qualquer situação. Há ainda 15% favorável a uma ampliação da lista de situação em que o procedimento é permitido. 6% defendem a descriminalização total.
STF x Congresso
Os dois temas estão, neste ano, em discussão no Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional. Em estágios distintos, os dois Poderes se debruçam sobre a possibilidade de descriminalização da maconha e do aborto. O tema é alvo de embate entre ministros e parlamentares.
A maconha é a principal divergência. Enquanto o STF caminha para regular a diferenciação entre traficantes e usuários, o Congresso avança sobre a criminalização do porte de qualquer quantidade de drogas.
O aborto, por sua vez, é mais distante. Com a saída de Rosa Weber do comando do tribunal, Luís Roberto Barroso, presidente do STF, indica não ter pressa para retomar a discussão. O Congresso, por sua vez, aguarda em stand-by qualquer ação do judiciário para encaminhar sua resposta, que habitualmente tem perfil mais conservador.
A pesquisa
O levantamento do Datafolha tem 2.002 entrevistas em 147 municípios do Brasil. A coleta de dados foi presencial entre os dias 19 e 20 de março. A pesquisa tem margem de erro de 2 pontos para mais ou para menos e nível de confiança de 95%.
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