Sociedade

110 pessoas são resgatadas em condições análogas à escravidão em Minas Gerais

Operários estavam atuando na construção de uma linha de transmissão de energia em Mutum e Governador Valadares

Foto: Reprodução
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Uma operação do Ministério do Trabalho resgatou 110 trabalhadores que atuavam em condições análogas à escravidão em duas cidades de Minas Gerais. O resgate foi realizado entre os dias 29 e 30 de março, mas só foi revelado nesta semana, após o pagamento das rescisões dos trabalhadores.

Os 110 operários – que em sua maioria são de estados do Norte e do Nordeste – estavam na construção de uma linha de transmissão de energia comandada pelo Consórcio Construtor Linha Verde, formado pelas empresas Toyo Setal e Nova Participações, que nega as irregularidades. A alegação das companhias para se defender é de que parte dos trabalhadores teriam interesse em voltar para a obra.

A fiscalização feita pelo Ministério do Trabalho se concentrou nos seis alojamentos disponibilizados pela empresa para os trabalhadores que participavam da obra entre Mutum e Governador Valadares. No principal, um galpão sem qualquer ventilação foi improvisado como dormitório. O local abrigava 78 pessoas.

Um imóvel alugado pela empresa também fazia o papel de alojamento, mas sem condições adequadas. Ao jornal Folha de S. Paulo, o auditor-fiscal Marcelo Campos, responsável pela fiscalização, relatou que as condições do local eram ‘ainda piores’ do que no galpão. “Não havia janelas. O calor era muito forte. Os trabalhadores não conseguiam dormir”, contou.

Após o resgate, o consórcio responsável pela obra disse ter fechado os locais e realocado os trabalhadores para ambientes com as normas determinadas pelo Ministério. Eles alegaram, em nota, dificuldades naturais para este tipo de obra, que exigiria alojamentos improvisados por ocorrerem em locais remotos ou com poucas estruturas. No texto, porém, negam que tenham submetidos trabalhadores à condição análoga à escravidão.

“Por conta de todo o exposto, o consórcio não concorda que estes profissionais estivessem em condições análogas à escravidão. Acredita que o fato em nada tem de parecido com os eventos recentes registrados no Sul do país, quando trabalhadores foram encontrados em condições subumanas, tendo que pagar por suas moradias, recebendo alimentos estragados, em condições deploráveis, sendo submetidos a tratamentos desumanos e, em alguns casos, até tortura”, argumentam as empresas.

Ao todo, cerca de 752 mil reais foram pagos nesta terça-feira 4 aos 110 trabalhadores resgatados como rescisão contratual. Após o pagamento, a previsão é de que estes operários possam voltar aos seus estados de origem – Pará, Sergipe, Maranhão e Bahia. Há, segundo o consórcio, porém, o interesse em recontratar 70 destas pessoas, que teriam demonstrado vontade em seguir na obra.

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