Ultraprocessados: entenda a proposta tributária que pode encarecer alimentos prejudiciais à saúde

Os defensores do imposto seletivo defendem que esses alimentos não deveriam se beneficiar de alíquotas reduzidas. Já a indústria sugere leis específicas para cada tipo de ultraprocessado

Um estudo do Datafolha encomendado pelo Idec salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados foram os produtos campeões de consumo na pandemia. (Foto: iStock)

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Depois de aprovada a etapa inicial da reforma tributária, no fim do ano passado, começa a ganhar tração no Brasil uma proposta para incluir alimentos ultraprocessados na lista de produtos sujeitos a uma tributação elevada, sob o chamado imposto seletivo. Esse rol inclui itens como refrigerantes, salsichas e salgadinhos de pacote, conhecidos por sua alta concentração de aditivos químicos, açúcares, sal e gorduras. O objetivo é desestimular o consumo desses itens, associados a diversos problemas de saúde.

Os defensores do imposto seletivo defendem que esses alimentos não deveriam beneficiar-se de alíquotas reduzidas e outras benesses, dado o impacto negativo que têm na saúde pública. Já a indústria sugere que, ao invés de uma proposta única de imposto para o setor, deveria haver leis específicas para cada categoria de ultraprocessado.

A realidade da saúde pública no Brasil mostra um quadro preocupante, com mais de 60% da população com sobrepeso e uma taxa significativa de obesidade infantil. Um estudo recente da Universidade de São Paulo estima que o consumo de alimentos ultraprocessados está relacionado à morte de aproximadamente 57 mil brasileiros entre 30 e 69 anos anualmente. Isso representa 10,5% de todas as mortes precoces de adultos nessa faixa etária no país, destacando a necessidade de ações regulatórias mais firmes.

Caso aprove a medida, o Brasil se alinha a uma tendência global de promoção de dietas mais saudáveis como forma de combater doenças relacionadas à alimentação.Mais de 55 países implementaram medidas semelhantes, aplicando uma tributação maior a produtos ultraprocessados ou bebidas adoçadas, numa tentativa de combater as crescentes taxas de obesidade e doenças relacionadas à dieta.

A Anvisa já deu um passo importante nessa direção em 2021, ao exigir que os fabricantes incluam advertências visíveis na parte frontal das embalagens de alimentos ultraprocessados.

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