O diretor do Instituto Butantan Dimas Covas não acredita que o plano do governo federal em vacinar toda a população adulta até o fim do ano será cumprido, e o motivo seria a falta de imunizantes.
A declaração foi feita em um webinar organizado pela organização Direitos Já – Fórum pela Democracia nesta segunda-feira 31. Covas analisou as projeções feitas pelo Ministério da Saúde, que incluem a entrega de 180 milhões de doses no terceiro trimestre de 2021 e mais 300 milhões no quarto e último trimestre.
“A julgar pelo ritmo, [a vacinação em massa] não vai acontecer nessa velocidade e possivelmente iremos conseguir terminar a vacinação de 50 ou 60 milhões no final de setembro e começo de outubro”, afirmou. “O ritmo de vacinação nunca foi suficiente em nenhum momento para justificar uma aceleração grande da vacinação, mesmo com a disponibilidade de vacinas.”
Entre os fatores que alteram as expectativas, está o recebimento do Insumo Farmacêutico Ativo, o IFA, para a produção da Coronavac e da vacina da AstraZeneca, envasada pela Fiocruz.
Para o mês de junho, o Ministério da Saúde já reduziu as expectativas anteriores em 12 milhões de doses.
O fim do mês de maio também encerrou o prazo para uma promessa anunciada em março pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de que haveria 140 milhões de doses entregues até então. No entanto, o total distribuído até o momento não alcança 90 milhões de doses disponíveis.
“Não sei se teremos todas essas vacinas, falar do ponto de vista contratual é diferente do recebimento. Faço essa projeção com base no que vem acontecendo até então. É muita vacina, eu acho que isso não tem muitas formas de achar que essa previsão irá se concretizar, a não ser que haja uma grande mudança no cronograma atual. É um plano muito otimista [da vacina] chegar a toda a população adulta até o fim desse ano”, afirmou Dimas Covas.
Nesta segunda, o diretor do Butantan também participou da divulgação de resultados de um estudo realizado em Serrana, interior de São Paulo, com a vacina Coronavac. Com 95% dos habitantes acima de 18 anos protegidos pelas duas doses do imunizante, houve quedas de 95% em mortes, 86% de internações e 80% em casos sintomáticos de Covid-19 na cidade da região de Ribeirão Preto.
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