Saúde

Os sete grupos de sintomas da Covid-19

Tarefa é colocar descobertas em prática para ajudar no tratamento de pacientes e no desenvolvimento de uma vacina

Foto: Miguel MEDINA/AFP
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Garganta irritada, dor de cabeça, calafrios – quais são mesmo os sintomas de Covid-19? Um ano atrás, talvez não nos importássemos muito com eles, por considerá-los parte de um simples resfriado. Hoje, no entanto, a situação é outra. Um espirro basta para acionar nossa imaginação: “Onde estive nos últimos dias, com quem tive contato? Ainda posso sentir cheiro e gosto?”

Não se aflija, não é só você que tem essas preocupações. Pesquisadores e médicos também ainda estão tentando rastrear o leque de sintomas da Covid-19.

Cientistas da Universidade de Medicina de Viena puderam estruturar uma longa lista de sintomas da doença, identificando sete formas dela. O estudo foi publicado na revista científica Allergy.

O objetivo principal do estudo foi descobrir como seria uma boa imunidade após uma infecção com o novo coronavírus e como isso pode ser medido.

Para isso, os cientistas liderados pelo imunologista Winfried Pickl e pelo alergologista Rudolf Valenta realizaram um estudo incluindo entrevistas e controle sanguíneo de 109 pessoas que estão se recuperando de Covid-19 e 98 pessoas saudáveis.

Sete grupos de sintomas

Com base nos dados reunidos, os pesquisadores conseguiram demonstrar que vários sintomas estão relacionados entre si e ocorrem em grupos, dos quais foram identificados sete:

  1. Sintomas semelhantes aos de gripe (febre, calafrios, fadiga e tosse)
  2. Sintomas de resfriado (rinite, espirros, garganta seca e nariz entupido)
  3. Dores musculares e nas articulações
  4. Inflamação dos olhos e das mucosas
  5. Problemas pulmonares (com pneumonia e falta de ar)
  6. Problemas gastrointestinais (diarreia, náuseas e dor de cabeça)
  7. Perda do olfato, do paladar e outros sintomas.

“No último grupo, também descobrimos que a perda do olfato e do paladar afeta mais pessoas com um sistema imunológico jovem”, disse Pickl à DW. Um sistema imunológico jovem não é medido pela idade do paciente, mas pelo número de células imunes (linfócitos T) que migraram recentemente do timo.

Infografik Covid-19 Symptome PT

“Isto significa que fomos capazes de diferenciar claramente os cursos sistêmicos (por exemplo, grupos 1 e 3) dos cursos específicos para órgãos (por exemplo, grupos 6 e 7) da doença primária Covid-19”, afirma Pickl.

No entanto, isto não quer dizer que não haja sobreposição entre os grupos de sintomas. Entretanto, foram mostradas correlações entre os diferentes grupos e parâmetros imunológicos específicos. Por exemplo, um curso da doença Covid-19 com febre alta se correlaciona com a memória imunológica do corpo e pode indicar uma imunidade relativamente longa. A perda do olfato e paladar, por outro lado, foi associada a um nível mais elevado de linfócitos T.

Covid-19 e a impressão digital no sangue

Por meio do sangue, os pesquisadores conseguiram identificar importantes marcadores de Covid-19. Dez semanas após a doença, eles descobriram mudanças claras no sistema imunológico − como uma impressão digital no sangue do paciente, por assim dizer.

O número de granulócitos, que são responsáveis ​​pelo combate a patógenos bacterianos no sistema imunológico, foi significativamente menor do que o normal no grupo de Covid-19. “Isso foi incrível e completamente novo”, disse o imunologista.

“Para isso, as células imunes CD4 e CD8 desenvolvem uma memória e as células T CD8 permanecem fortemente ativadas. Isso mostra que o sistema imunológico ainda está lidando intensamente com a doença muitas semanas após a primeira infecção”, disse Pickl.

Essa também pode ser a razão pela qual muitos pacientes se sentem fracos por mais tempo após uma infecção por Covid-19. Ao mesmo tempo, as células reguladoras T foram bastante reduzidas − uma situação perigosa, que também pode levar a uma doença autoimune.

Além disso, mais células imunes produtoras de anticorpos puderam ser detectadas no sangue dos convalescentes. Quanto mais alta a febre da pessoa afetada com um curso leve da doença, mais pronunciada foi a imunidade ao vírus.

“Nossas descobertas contribuem para um melhor entendimento da doença e nos ajudam no desenvolvimento de possíveis vacinas, já que agora podemos recorrer a biomarcadores promissores e fazer um monitoramento ainda melhor”, enfatizou a equipe de cientistas em seu artigo para a revista científica. “Agora sabemos que os linfócitos B e T são parâmetros importantes para avaliar as vacinas”, diz Pickl.

Acima de tudo, o estudo mostra que, com a ajuda conjunta de células imunológicas e anticorpos, o sistema autoimune humano tem uma estratégia de defesa contra uma doença. As células imunológicas também podem memorizar certos “movimentos” do vírus em sua “memória” e reagir a eles.

A tarefa agora é colocar essas descobertas em prática, que podem ajudar no tratamento de pacientes e no desenvolvimento de uma vacina.

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